Ex-diretora da Anac apontou irregularidades na venda da Varig Brasília (4 de junho) -
Parlamentares do PSDB querem esclarecer a denúncia feita pela ex-diretora da Anac Denise Abreu de que ela foi pressionada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e por sua secretária-executiva no Palácio do Planalto, Erenice Guerra, para favorecer um grupo de investidores no processo de venda da Varig e da empresa de cargas VarigLog, ocorrida no final de 2006. Tanto na Câmara quanto no Senado, tucanos defendem a presença de Denise para dar mais detalhes. Além disso, Dilma também terá que apresentar suas justificativas.
NEGÓCIO MILIONÁRIO
Após considerar a denúncia muito séria(COMO TODA DENÚNCIA AO PT) o presidente da Comissão de Infra-estrutura, senador Marconi Perillo (GO), colocará em votação nesta quinta-feira requerimento do PSDB e do DEM que pede a convocação da ex-diretora da Anac. Na Câmara, os deputados Gustavo Fruet (PR) e Otavio Leite (RJ) também querem a ida de Denise à Casa para esclarecer essa suposta pressão.
Além disso, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), cobrou informações da ministra Dilma sobre a aprovação do processo de venda da empresa aérea para o fundo Matlin Paterson e seus sócios brasileiros Marco Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo, possibilitando que o grupo adquirisse a Varig por US$ 24 milhões, em leilão. Meses depois, a empresa foi vendida à Gol Linhas Aéreas por US$ 320 milhões. O senador citou entrevista dada por Denise ao jornal O Estado de S. Paulo na qual revela ainda que a filha e o genro do advogado Roberto Teixeira, amigo do presidente Lula, e cujo escritório era representante dos compradores à época, usaram sua influência para pressioná-la.
"Segundo ela, Dilma a desestimulou a pedir documentos que comprovassem a capacidade financeira dos três sócios brasileiros para comprar a empresa, já que a lei proíbe estrangeiros de possuir mais de 20% do capital das companhias aéreas. A diretora da Anac queria documentos comprovando a origem de capital e a declaração de renda dos sócios brasileiros para verificar se tinham recursos para a compra", assinalou o líder do PSDB.
No requerimento de informações, o senador pergunta quais foram os dias e horários de visita de Denise Abreu e Milton Zuanazzi [ex-presidente da Anac] à Casa Civil no Palácio do Planalto; sobre qual tema eram as audiências solicitadas; os dias e horários de visita do advogado Roberto Teixeira e de sua filha Valeska Teixeira ao Palácio do Planalto; se a ministra Dilma conhece ou já recebeu alguma visita dos sócios brasileiros; e se ela já participou de alguma reunião sobre a venda da Varig, oficialmente ou extra-oficialmente. Dilma tem 30 dias para responder ao requerimento. Se não o fizer, pode ser processada por crime de responsabilidade.
OUTRAS PROVIDÊNCIAS
Segundo o deputado Gustavo Fruet, serão encaminhados ao Ministério Público o texto da entrevista dada por Denise Abreu ao jornal paulista, na qual relata a suposta pressão, assim como o depoimento dado hoje pela atual presidente da Anac, Solange Vieira, à Comissão de Turismo da Câmara.
As informações irão como complemento à representação protocolada pelos tucanos ao final da CPI do Apagão Aéreo, no ano passado. A representação é baseada no voto em separado apresentado ao relatório final da comissão de inquérito denunciando graves irregularidades e problemas na gestão do sistema aeroportuário.
Fruet, que integrou a CPI, lembrou que Denise Abreu depôs na comissão no dia 23 de agosto de 2007 e, apesar de muito questionada, não fez referência às pressões do governo que agora relatou ao Estadão. O deputado informou que também vai questionar o Ministério da Defesa para saber se abriu processo administrativo para apurar as denúncias feitas por Denise.
Fruet foi um dos parlamentares que questionaram a atual presidente da Anac na Comissão de Turismo da Câmara. Solange Vieira, porém, não respondeu a maior parte das perguntas feitas pelo parlamentar. Em relação às declarações feitas por Denise Abreu, a presidente da Anac limitou-se a dizer que não cabe à agência analisar denúncias relativas à gestão anterior e que as negociações para a compra da Varig dizem respeito ao Ministério da Defesa. Fonte: Agência Tucana
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