Nos últimos dias, temos convivido com o que, no fundo, pode ser classificado como verdadeira paranóia: A VOLTA DA INFLAÇÃO. Precisamos parar um pouco e pensar friamente o que isso representa. Se é um medo justificável, ou somente, a velha e terrível mania dos espertinhos de sempre, em querer ganhar mais, tanto política quanto financeiramente. É o que nos revela esse texto de MAIR PENA NETO.
A PARANÓIA DA INFLAÇÃO
O pico da inflação em maio, mesmo com tendência de desaceleração, já levou o mercado a prever novas altas da taxa básica de juros e estimar que ela chegue a 14% até o fim do ano. Atualmente em 12,25%, a taxa brasileira é uma das mais altas do mundo e fator de atração de capital especulativo. É a paranóia da inflação que volta, tentando sobrepor a economia à política.
Durante os governos neoliberais esse foi o mantra para deixar os Estados nacionais submetidos ao mercado. Acima de tudo estava o controle da inflação. Mesmo que com ele não houvesse crescimento e o desemprego grassasse. No momento em que o Brasil põe a cabeça para fora da terra, começa a apresentar um crescimento sustentável com distribuição de renda e afluxo das camadas mais baixas da população ao consumo, sinais de inflação acendem os discursos alarmistas, justificando retrocessos econômicos.
Não se pode ignorar os riscos decorrentes da inflação, mas não se deve transformá-la no cerne principal da política econômica. Celso Furtado dizia que a inflação é parte integrante do sistema econômico e que uma economia sem inflação teria que ser muito homogênea, sem tensões sociais, o que está bem distante da realidade brasileira.
O país acaba de divulgar um crescimento de 5,8% do PIB no primeiro trimestre, com a indústria a todo vapor e o investimento em alta há quase um ano e meio. Já se projeta um crescimento anual de 5%, com base no crescimento de 5,8% nos últimos 12 meses, o maior desde 1996. É um resultado alvissareiro, mas o velho medo da inflação pode criar obstáculos ao crescimento esperado.
O consumo das famílias, que se expandiu com o acesso das classes C e D aos bens de consumo, é apontado como risco de inflação, mas o nível de investimento tem sido maior, o que proporciona um razoável equilíbrio. Se Celso Furtado estivesse vivo, provavelmente estaria feliz com o crescimento da economia, após longa estagnação.
Furtado sempre defendeu o crescimento como prioridade. O Brasil passou muito tempo sem crescer atado ao mito do combate à inflação. Um país com tantas desigualdades precisa do crescimento para resolver seus problemas. Isso tem sido demonstrado nesse curto período de crescimento que estamos vivendo.
O combate à inflação tem seus custos. Os mecanismos tradicionais acarretam aumento da dependência aos fluxos externos, crescimento do desemprego e da dívida interna. A sociedade tem que participar do debate sobre os rumos da política econômica. A inflação não está fora da meta e priorizá-la seria deixar que a economia “resolva” uma questão essencialmente política.
MAIR PENA NETO
O pico da inflação em maio, mesmo com tendência de desaceleração, já levou o mercado a prever novas altas da taxa básica de juros e estimar que ela chegue a 14% até o fim do ano. Atualmente em 12,25%, a taxa brasileira é uma das mais altas do mundo e fator de atração de capital especulativo. É a paranóia da inflação que volta, tentando sobrepor a economia à política.
Durante os governos neoliberais esse foi o mantra para deixar os Estados nacionais submetidos ao mercado. Acima de tudo estava o controle da inflação. Mesmo que com ele não houvesse crescimento e o desemprego grassasse. No momento em que o Brasil põe a cabeça para fora da terra, começa a apresentar um crescimento sustentável com distribuição de renda e afluxo das camadas mais baixas da população ao consumo, sinais de inflação acendem os discursos alarmistas, justificando retrocessos econômicos.
Não se pode ignorar os riscos decorrentes da inflação, mas não se deve transformá-la no cerne principal da política econômica. Celso Furtado dizia que a inflação é parte integrante do sistema econômico e que uma economia sem inflação teria que ser muito homogênea, sem tensões sociais, o que está bem distante da realidade brasileira.
O país acaba de divulgar um crescimento de 5,8% do PIB no primeiro trimestre, com a indústria a todo vapor e o investimento em alta há quase um ano e meio. Já se projeta um crescimento anual de 5%, com base no crescimento de 5,8% nos últimos 12 meses, o maior desde 1996. É um resultado alvissareiro, mas o velho medo da inflação pode criar obstáculos ao crescimento esperado.
O consumo das famílias, que se expandiu com o acesso das classes C e D aos bens de consumo, é apontado como risco de inflação, mas o nível de investimento tem sido maior, o que proporciona um razoável equilíbrio. Se Celso Furtado estivesse vivo, provavelmente estaria feliz com o crescimento da economia, após longa estagnação.
Furtado sempre defendeu o crescimento como prioridade. O Brasil passou muito tempo sem crescer atado ao mito do combate à inflação. Um país com tantas desigualdades precisa do crescimento para resolver seus problemas. Isso tem sido demonstrado nesse curto período de crescimento que estamos vivendo.
O combate à inflação tem seus custos. Os mecanismos tradicionais acarretam aumento da dependência aos fluxos externos, crescimento do desemprego e da dívida interna. A sociedade tem que participar do debate sobre os rumos da política econômica. A inflação não está fora da meta e priorizá-la seria deixar que a economia “resolva” uma questão essencialmente política.
MAIR PENA NETO
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