Serraglio afirmou que no relatório final da CPI já incluiu elementos que indicavam supostas irregularidades cometidas por Dantas dentro do chamado esquema do valerioduto - repasses de recursos a parlamentares e integrantes do governo e de empresas privadas em troca da liberação de recursos federais - montado pelo empresário Marcos Valério de Souza.
"Não esperava que ele fosse preso pela sua importância, mas o Ministério Público e a Polícia Federal são distantes desses embates políticos que muitas vezes envolveram Daniel Dantas. Para eles, é doa a quem doer, mesmo que seja uma pessoa como Daniel Dantas", disse.
"Na CPI, já tínhamos verificado vários elementos que indicavam seu envolvimento com o valerioduto. O Ministério Público deu seqüência a essas investigações e esse resultado está aparecendo agora", afirmou o deputado, atualmente primeiro-secretário da Câmara.
Fundos de pensão
Na avaliação do deputado, ainda existem outros desdobramentos importantes da CPI do Mensalão envolvendo outras supostas irregularidades e que ainda não apareceram. "Acho que a próxima ponta a ser descoberta nessas investigações envolverá os fundos de pensão. Vimos muitos indícios de problemas nessa área durante nossos trabalhos na CPI", lembra.
Sobre a principal instituição financeira envolvida no escândalo, o Banco Rural e seus administradores ate o momento nada foi revelado pela Policia Federal.
Para Serraglio, o fato de a Operação Satiagraha ter produzido efeitos mais de dois anos depois da conclusão da CPI do Mensalão prova que o Poder Legislativo "não produziu uma pizza". "Essa operação contraria aquela impressão de pizza e tem muito mais ainda para acontecer nessa área. É importante que haja essa seqüência tanto tempo depois, porque mostra que os processos estão sendo feitos e que as irregularidades estão sendo averiguadas", diz.
Não, não é o mensalão
Entenda-se, uma vez que, na praça, desinformados e desinformadas de vários matizes já excitam-se com "a volta do mensalão".
Não, não é uma investigação que esbarra em maracutaias do "mensalão". É uma devassa que chega a bem antes. E chegará a bem depois. Algo muito maior, muito mais profundo e poderoso do que o mensalão. Que viceja, brota gloriosamente em meio à privatização do sistema Telebras, embora pensado antes ainda. Algo que mira também o presente e o futuro.
Não, não é coisa de pés-rapados, adoradores de penosas, de pobres-diabos que no guichê do Banco Rural - do Brasília Shopping - recebem o "por fora", modalidade esta inédita na história de crimes financeiros. É coisa de uns 2 bilhões. De dólares. É coisa de quem montou, geriu, operou, opera o Sistema.
Sigamos.
O juiz do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, o que sapecou a "formação de quadrilha" no caso Mensalão, por solicitação do procurador geral Antonio Fernando de Souza passou o conjunto de informações aos procuradores regionais. Caberia a eles seguir com as apurações, já que nenhum dos envolvidos tinha foro privilegiado. Na Segunda Vara Criminal Federal em São Paulo teve início o processo.
Investigava-se, a princípio, se pessoas ou empresas se beneficiaram do esquema de Marcos Valério. Dali, o processo desdobrou-se. Foi encaminhado também para a Sexta Vara e o imenso novelo começou a ser desvelado.
As cópias do HD do Opportunity foram encaminhadas para a verificação de crimes financeiros. O internauta atento há de se lembrar que o agora famoso HD surge nessa novela em 2004, no rastro da Operação Chacal, que investigou e indiciou Dantas, os seus e a multinacional Kroll por espionagem contra empresarios, autoridades e jornalistas - que, assegura Terra Magazine, têm sido sistematicamente espionados.
(Jornalistas, ou nem tanto, aliás, merecerão nos próximos dias um capítulo em destaque.)
A Polícia Federal percebeu a existência de indícios de ilegalidade contra o Sistema Financeiro, num rol de crimes que percorrem quase a integralidade da Lei 7.492/76, de Crime contra o Sistema Financeiro. O fato foi comunicado à Juiza da 2ª Vara Federal, que determinou a redistribuição para a Sexta Vara.
Quebra de sigilo
Uma outra representação requereu quebra do sigilo de comunicações de Internet e telefone com vigilância pessoal, eletrônica, fotografia, filmagem, geo-referenciamento, sempre em segredo de Justiça.
Em Julho de 2007 nova representação: a PF pediu mais uma quebra de sigilo, desta vez de dados e interceptação de ligações telefônicas que complementassem o que estava no HD apreendido em 2004.
No enclave de informações, a operação comandada por Protógenes Queiroz esbarrou no que chama de grande organização criminosa, que chegava ao requinte de desenhar as suas ações ilícitas de acordo com planos e metas planejadas no passado. O volume de informações do HD era de 120 Gb.
O delegado detectou uma grande organização criminosa a operar no País e esta ORCRIM programava o próprio futuro. Tabelas nesse sentido foram encontradas com os próprios arquitetos dessa grandiosa obra.
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