quarta-feira, 9 de julho de 2008

Já em 2005, documentos ligavam PSDB a caixa dois de Marcos Valério e DANIEL DANTAS


O PSDB, JÁ EM 2005, foi pego de calças na mão. Denúncia sistematizada pelo jornal O Globo apontava que o publicitário Marcos Valério foi beneficiário de empréstimos avalizados com contas publicitárias do governo tucano de Minas Gerais. Segundo a denúncia, em 19 de agosto de 98, a agência DNA Propaganda contraiu um empréstimo de R$ 11,7 milhões no Banco Rural, em Belo Horizonte. Atualizados, estes valores chegariam a R$ 26 milhões de reais hoje. É o mesmo banco envolvido hoje no escândalo que atinge o Partido dos Trabalhadores. A agência de publicidade ofereceu como garantia os créditos decorrentes de contratos assinados com as secretarias de Estado de Comunicações e de Governo de Minas Gerais para a produção e a veiculação de peças publicitárias.

Logo em seguida, uma outra empresa de Marcos Valério, a SMP&B, repassou dinheiro para pelo menos 70 políticos ou pessoas ligadas a políticos mineiros que pertenciam à coligação que apoiava a então reeleição do governador Eduardo Azeredo, hoje presidente nacional do PSDB. Entre estes 70 políticos estão deputados estaduais e federais do PSDB, PFL e PDT.


Aécio e Dantas também estão envolvidos

Além de políticos do PSDB, a investigação da CPI dos Correios incluiu no rol de investigados, depois DE EXIGÊNCIAS DA SENADORA IDELI SALVATTI(PT) o empresário Daniel Dantas depois de identificados depósitos no valor aproximado de R$ 40 milhões feitos na conta do Banco do Brasil da empresa DNA.


Dantas manteve negócios suspeitos na área de telecomunicações durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

Ao ver o nome de um pretenso candidato à candidato à presidência da República envolvido no esquema, o diretório estadual do PSDB de Minas negou que o empresário Marcos Valério tenha atuado como assessor da coligação Minas Unida, que conduziu o então deputado federal Aécio Neves ao governo do Estado. Em nota à imprensa, contestando as informações dadas pela mulher de Valério, Renilda Maria Santiago, à CPI dos Correios, o partido informara que, para a campanha majoritária de 2002, foi formado um comitê "por renomados e reconhecidos profissionais do mercado", entre os quais não estava o sócio da DNA e SMPB.


A nota informava ainda que Valério e nem suas agências prestaram "qualquer tipo de serviço ou consultoria a outro setor da campanha eleitoral". O comunicado informava também que a DNA e a SMPB, bem como o empresário Marcos Valério, não trabalharam na campanha de 1998 do então deputado federal Aécio Neves.

Documentos desarrumados

Os documentos do Banco Rural que relacionariam os saques das contas do publicitário Marcos Valério com integrantes do PSDB chegaram desarrumados à CPI dos Correios. A informação é da senadora Ideli Salvati (PT-SC) e que alegava que os documentos comprovariam denúncias publicadas no jornal “O Globo”.


Ainda segundo a senadora, os documentos referentes ao PT vinham bem arrumados e os papéis que informavam saques de membros de outros partidos estavam desarrumados e incompletos. Para Ideli, a intenção era mostrar que irregularidades aconteciam somente com o PT.




"Coisa da história"



A defesa de Eduardo Azeredo não poderia ser mais hipócrita: alegou que não tinha conhecimento do empréstimo feito pela DNA com a garantia das secretarias estaduais de Governo e de Comunicações, pois viajava muito em campanha e não mexia com a parte financeira. "O governo federal está tentando desviar o foco. Passaram-se três eleições, não faz sentido discutir uma campanha de 1998", reclamou ele, que considera ser descabido misturar "situações antigas com as denúncias atuais".



Curiosamente, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso repetia o mesmo discurso de Azeredo, utilizando inclusive as mesmas palavras, para tentar desfiar o tal "foco".



"Queremos apuração e não confusão. Precisamos passar o Brasil a limpo e temos que investigar tudo, mas sem perder o foco de que a crise é hoje. O que aconteceu no passado, no meu governo, é coisa da história", disse um melindroso FHC ao comentar as denúncias de que Eduardo Azeredo usou o valerioduto de caixa 2 na campanha eleitoral de 1998.

Fernando Henrique se recusou a aceitar a idéia de que todos os partidos usavam caixa dois para campanhas eleitorais. "Precisamos separar o joio do trigo", disse o líder tucano.

Num misto de constrangimento com agressividade, o líder do partido no Senado, Arthur Virgílio (AM), cobrou de Azeredo explicações. "Apresente-se logo à CPI e acabe logo com essa brincadeira de petistas. Acabe com essa patacoada", disse.



Virgílio rejeitou as comparações do esquema - que teria sido montado para o PT - com as doações realizadas por Valério a políticos mineiros em 1998. O tucano fez discurso na tribuna do Senado, rebatendo as declarações do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP).

Mercadante disse na tribuna do Senado que a matéria divulgada pelo jornal O Globo era uma demonstração de que as empresas de Valério vinham atuando da mesma maneira desde 1998.


"Essa matéria é importante porque demonstra com documentos, fatos, indícios, que havia um padrão de financiamento de caixa dois de campanha pelo menos desde 1998, das empresas do senhor Marcos Valério, com a participação dele, junto ao PFL e PSDB, no estado de Minas Gerais", afirmou.

Já Geraldo Alckmin dizia que preferia não entrar em detalhes sobre as denúncias de envolvimento do PSDB no mar de lama."Investigação vale para todo mundo", mas preferia esperar explicações do senador Azeredo.



"Nenhum governo está imune a você amanhã cometer um erro. A gravidade é que isso parece não ser uma questão pontual, ela é sistemática. Você verifica que na realidade essa é a gravidade. Isso aí não é uma coisa ocasional. Você vê a dimensão que isso está tomando. E tudo aquilo que foi colocado pelo deputado Roberto Jefferson vem sendo confirmado - disse ele, que não compartilha da tese de que o governo teria interesse em desviar o foco com o envolvimento de Marcos Valério numa campanha tucana. "Acho que não se pode fazer essa colocação", disse ele.

O sub-relator da CPI dos Correios, deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) —o mesmo que aparecia nas sessões da CPI fazendo discursos efusivos pela moralidade—, classificou a denúncia como um "caso restrito". Segundo ele, a origem, a forma de movimentação e o volume do dinheiro no caso de Minas Gerais apresentam diferenças em relação ao esquema descoberto que ligava o empresário ao PT.

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