Com apoio do PFL, o banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, atuou na CPI dos Correios e no Congresso para tentar recuperar influência sobre os fundos de pensão de estatais -poder que teve no governo FHC.
Dantas viu na crise uma oportunidade de articular manobras políticas e econômicas que podiam lhe devolver o controle sobre um grupo de empresas cujo valor de mercado chegava a R$ 15 bilhões.
Em conversas reservadas com a Folha, membros da oposição e da base do governo que pertenciam à CPI dos Correios, confirmaram que Dantas operava na comissão por intermédio do PFL.
Intransigência de Gushikem, que proibiu DANTAS DE DOAR AO PT
Desde a campanha eleitoral de 2002, quando barrou tentativas de doações em dinheiro de Dantas ao PT, Gushiken era um obstáculo para o banqueiro por sua influência junto aos fundos de pensão, área na qual se especializou.
Gushiken já foi convocado para depor na CPI sobre a relação dos fundos de pensão com empresas que abasteceram o esquema PT-Valério. Já naquele época havia parlamentares que cogitavam convocar Dantas.
O banqueiro deu R$ 145 milhões a empresas do publicitário Marcos Valério de Souza.
GOVERNO FHC
No governo Fernando Henrique, Dantas montou sociedades com fundos de pensão e empresas estrangeiras nas quais tinha pequena participação, mas, por arranjos jurídicos, conseguia ser o gestor dos negócios. O governo Lula rompeu a aliança de Dantas com os fundos.
Espionagem
Segundo informação da Polícia Federal dada ao Palácio do Planalto, Dantas contratou a empresa de investigação Kroll para espionar Gushiken e Dirceu.
Em conversas com senadores do PFL, Dantas disse que o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro ofereceu diversas vezes ajuda política, dizendo que poderia melhorar sua relação com o governo por meio de Dirceu, de quem o advogado é amigo.
Gushiken, porém, sempre conseguiu barrar a abertura de portas no governo Lula para Dantas, argumentando que a aliança do empresário com os fundos de pensão seria prejudicial aos funcionários que contribuíram para suas futuras aposentadorias.
Lula SEMPRE APOIOU a posição de Gushiken.
Ajuda dos Senadores do PFL
Historicamente bem relacionado com a cúpula do PFL, Dantas recebeu auxílio de membros do partido, como os senadores ACM, Jorge Bornhausen (SC) e Heráclito Fortes (PI), além dos deputados Alberto Fraga (DF) e Abelardo Lupion (PR).
Um membro da cúpula da CPI confirmou à Folha que advogados ligados a Dantas e Almeida Castro têm ajudado o PFL a fazer investigações nas operações dos fundos de pensão.
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