quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Guerra entre petista e Igreja do Ceará vai parar na Justiça



Carmen Pompeu

FORTALEZA - A Justiça Eleitoral autorizou a quebra do sigilo bancário da Convenção de Ministros das Assembléias de Deus Unidas do Ceará (Comaduec). O juiz Emanuel Leite Albuquerque, da 117ª Zona Eleitoral, atendeu assim a uma representação da coligação "Fortaleza Cada Vez Melhor", que defende a reeleição da prefeita Luizianne Lins (PT). Luizianne e seus aliados querem saber quem bancou a confecção de panfletos, cartazes e outdoors espalhados contra ela.

Mesmo com uma liminar proibindo a divulgação, distribuição e afixação de qualquer propaganda negativa contra a candidata petista, a Comaduec avisa que a "guerra vai continuar". De acordo com o evangelista Jota Meneses, assessor do bispo Shelley Macedo, diretor geral da entidade, a comissão jurídica foi acionada e agirá contra o que chamou de "manobra da senhora Luizianne". "Não aceitamos sermos calados, porque estamos num Estado democrático", disse Jota Meneses.

Semana passada, a batalha entre evangélicos e a atual prefeita de Fortaleza foi parar na polícia. Na sexta-feira, o bispo Shelley Macedo, registrou um boletim de ocorrência (BO) relatando ter sido vítima de um atentado. Segundo seu assessor, o bispo teria sido perseguido por dois homens em uma moto, quando voltava para casa quinta-feira à noite. "No BO, ele apontou como possíveis responsáveis, caso alguma coisa lhe aconteça, a prefeita Luizianne Lins, o deputado federal Eudes Xavier (PT), e o pastor Neto Nunes, candidato a prefeito pelo PSC. Depois desse atentado, ele (Macedo) passou a andar com colete a prova de bala e teve que contratar segurança particular", disse o assessor.

Ainda segundo Jota Meneses, Shelley Macedo está providenciando seu atestado de antecedente criminal para provar que não existe nenhum processo contra ele, como chegou a acusar Luizianne Lins em entrevistas. O bispo também resolveu processar a coligação que apóia a petista por calúnia e difamação. Em entrevista publicada pela revista "Isto É" esta semana, Luizianne chamou Macedo de "impostor".

"Depois que a campanha contra a prefeita petista foi deflagrada, ela passou a ser tratada entre os evangélicos da cidade como Jezabel", comentou Jota Meneses. Na Bíblia consta que Jezabel era mulher do rei Acab, de Israel. Muito vaidosa, ficou conhecida por perseguir os profetas de Deus. Inspirada nesse episódio, a Comaduec está trocando os outdoors onde se lia "Luizianne é contra a Bíblia e o povo de Deus. Diga não a Luizianne" por outros com a seguinte indagação: "Senhora Jezabel, por que a senhora é contra a Bíblia e o povo de Deus?".

Segundo Jota Meneses, a Comaduec representa 300 igrejas evangélicas no Ceará. Ele garantiu que a entidade é apartidária. "Nossa questão é defender a palavra de Deus", afirmou. E garantiu que os outdoors, cartazes e panfletos contra a candidatura de Luizianne estão sendo bancados com recursos doados pelos próprios fiéis. O bispo estava viajando e não se pronunciou.

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