Por Mário Augusto Jakobskind, no Direto da Redação
Trocando em miúdos: tanto eles, colunistas, como seus superiores hierárquicos, querem que as grandes empresas petrolíferas tomem conta das riquezas de uma vez por todas. E chegam até a advertir Lula, que pelo menos na retórica está defendendo a preservação da reserva petrolífera sob o controle brasileiro.
A jóia do pensamento pró-multinacional ficou por conta de Sardenberg ao afirmar que "esse negócio de petróleo é nosso", "riqueza nas mãos dos brasileiros" é, pasmem, "coisa do passado", "populismo".
O hoje sócio do Teatro Casa Grande, David Zilberstajn, o tal genro nomeado por Fernando Henrique Cardoso para a Agência Nacional de Petróleo e que ao se reunir com representantes de multinacionais petrolíferas cunhou a frase "o petróleo é vosso", está de volta na defesa de interesses antinacionais. Na era FHC, Zilberstajn, o genro, tornou-se um dos mais ardorosos defensores da entrega da estatal brasileira de petróleo para os acionistas estrangeiros, que hoje chegam a 60%.
Os mesmos propulsores desta privatização pelas beiradas são os veementes defensores de que as riquezas energéticas do pré-sal sejam exploradas pelas multinacionais e pregam a continuidade dos leilões de petróleo. De saída, sem qualquer tipo de discussão mais aprofundada, a tal patota se colocou contra a criação de uma estatal para cuidar melhor desta riqueza.
Aliás, esta turma pós-moderna não traz nada de novo. Ela sim é "coisa do passado", uma vez que os argumentos hoje apresentados reproduzem o que a mídia conservadora nos anos que antecederam a criação da Petrobrás (final dos anos 40 e início dos 50) dizia.
Claro, não adianta nada criar uma estatal de um lado e do outro conceder as facilidades para que a maior parte da riqueza fique com as multinacionais, como fez FHC. Mas a bancada do "petróleo é vosso" nem quer ouvir falar em estatal, ainda por cima se ela for controlada pelo povo brasileiro e não por quem o grupo defende e possivelmente é subsidiado.
Nenhum dos tais analistas foi capaz de associar a reativação da IV Frota dos Estados Unidos com as riquezas do pré-sal. Na verdade, tanto a Secretária de Estado, Condoleezza Rice, o vice Dick Cheney e o próprio presidente George W. Bush só agem em conformidade com as empresas petrolíferas que estão de olho no nosso litoral. O trio sinistro inventou vários argumentos para justificar a reativação IV Frota. Chegaram até a falar em "ação humanitária".
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