quinta-feira, 18 de setembro de 2008

A aliança Pimentécio em BH ( Pimentel-PT & Aécio-PSDB)

Peso da traição

Em artigo publicado no portal Vermelho, o jornalista e poeta Adalberto Monteiro aponta alguns traços do perfil e da história mineira que ajudam a explicar o motivo de Pimentel estar tão abalado com as críticas ao seu comportamento.

Segundo Monteiro, o acordo Aécio_pimentel "representa, para o verdadeiro PT e para a consciência democrática da cidade, o mesmo que Joaquim Silvério dos Reis significa para a história de Minas e do Brasil. Ademais, quem leu João Guimarães Rosa sabe da repugnância que a cultura mineira reserva aos que bandeiam de lado, aos que traem seus companheiros. Em Belo Horizonte, as administrações de Patrus Ananias e Célio de Castro, abriram um ciclo de desenvolvimento e justiça social. Esse ciclo ajudou a eleger Lula em 2002. Pimentel, em troca da promessa de Aécio de elegê-lo governador de Minas em 2010, busca entregar a prefeitura de BH de mão beijada para os tucanos", diz o jornalista.

Para Adalberto Monteiro, o governador Aécio Neves e o prefeito Pimentel selaram um pacto que só serve à ambição política de ambos. "Essa dupla - com base na força do dinheiro, na brutal desigualdade de condições, no controle da mídia, no desrespeito às leis - luta para enfiar goela abaixo do eleitorado um candidato desconhecido da cidade".


Manifesto petista

A aliança de Pimentel com o tucanato mineiro deu-se após o governador Aécio Neves --que já está no seu segundo mandato e tem pretensão de disputar a presidência da República em 2010-- ter articulado um acordo de bastidor no qual garantiria apoio político para uma provável candidatura de Pimentel ao governo mineiro em 2010.

O acordo foi rechaçado por parte significativa do PT, que sempre teve o PSDB como adversário político em Minas.

Em manifesto público divulgado esta semana, a militância petista de Belo Horizonte diz estar indignada. "Indignada com os rumos do partido e da prefeitura da capital mineira. Indignada com o afastamento do Partido dos Trabalhadores de seu projeto original: Democrático e Popular. Indignada com o acordo pessoal de Aécio e Pimentel, que joga com a história do PT, e favorece a curto, médio e longo prazo apenas os interesses da Direita", diz o texto.

"A aliança de Pimentécio, enfraquece o PT, fere a esquerda e fortalece os históricos inimigos de nosso projeto. As bases deixaram de ser ouvidas. Processos de filiação em massa se utilizando da máquina da Prefeitura, fizeram do partido e do poder executivo um instrumento de total controle de um projeto personalista sustentado pelo grupo de Pimentel, "o mais tucanos dos petistas" (segundo seu site pessoal). Os fóruns do partido servem agora aos seus interesses. Militantes históricos do partido são ameaçados e levados à Comissão de Ética por discordarem dos rumos impostos ao Partido e por defenderem a resolução do Diretório Nacional referente às eleições em BH", completa o documento.

O manifesto afirma ainda que há anos, os movimentos sociais não mantém nenhum canal de interlocução com o prefeito Pimentel. "Quem sofreu, com os governos tucanos, passa agora, por um conturbado momento. O PT aliou-se àqueles que privatizaram, que tiraram direitos dos trabalhadores, que protegem o capital especulativo e a redução das políticas sociais.

A tudo isto nós dizemos NÃO".

O documento finaliza declarando apoio à candidata do PCdoB, Jô Moraes. "Optamos por defender nosso partido e as melhorias na cidade que vem sendo implantadas em nossos governos. Por isso lutaremos enquanto estivermos de pé, a fim de não sermos meros expectadores na incursão de projetos pessoais dentro do Partido dos Trabalhadores. Optamos por Jô Moraes para a PBH, por ser a única a representar a continuidade do projeto democrático e popular. Junte-se a nós".

O manifesto é assinado pelo "Movimento Coerência Petista", do qual fazem parte, entre outros, o ex-deputado Rogério Correia, uma das principais lideranças do PT mineiro. Lideranças do PT mineiro com projeção nacional como Nilmário Miranda, Patrus Ananias e Luiz Dulci não integram oficialmente o movimento Coerência Petista, mas também condenam a aliança entre petistas e tucanos em Belo Horizonte.

Pimentel chora e diz que "paga caro" por aliança com Aécio em BH

O prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), chorou após discurso em que disse estar pagando "alto custo político-pessoal" por sua aliança com o governador tucano Aécio Neves em torno da candidatura de Marcio Lacerda (PSB). Sem citar nomes, disse que alguns não compreenderam o sentido disso. Em manifesto público, petistas que não concordam com a aliança afirmam estar "indignados" com o acordo pessoal de Aécio e Pimentel, "que joga com a história do PT, e favorece a curto, médio e longo prazo apenas os interesses da Direita".

No discurso feito no lançamento do programa de governo de Lacerda, com cerca de 400 pessoas, Pimentel criticou as pessoas de Brasília e São Paulo que resistiram à aliança.

Ao final, ele não quis dar mais explicações. Foi Aécio quem disse que Pimentel se referia a um "setor da direção nacional [do PT], um pouco mais míope, um pouco mais imediatista".

No discurso, Pimentel disse que Aécio também paga pela aliança, e lhe rendeu homenagem pela "ousadia de caminhar" com ele. O prefeito, que afirmou se orgulhar do PT, disse que a aliança não foi feita "em nome de nenhum dos partidos" que a compõem, mas pela população.
"Foi por isso que caminhamos juntos e pagamos o preço que temos pago, vocês todos sabem", afirmou Pimentel.

"Devemos tratar a todos com o espírito democrático, de tolerância, de paciência, porque no final virá a voz que vai sair das urnas". disse.

Pimentel chorou após o discurso, o que levou Aécio a iniciar o seu dizendo que aquele era um "momento especial" da política e fez uma saudação à "legítima e verdadeira emoção do prefeito". Disse que sua "coragem" ficará registrada na história política de Minas.

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