quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Contra José Serra, dois mil policiais em greve protestam nas ruas

Cerca de dois mil agentes da polícia civil, em greve desde o dia 16, realizaram um protesto na manhã desta terça-feira (23) pelas ruas do centro da capital paulista. A manifestação teve inicio na avenida Ipiranga, em frente a sede da Adpesp (Associação dos delegados de Polícia Civil do Estado de SP), e terminou em frente ao prédio da Secretaria da Segurança. Apesar da pressao, o governador José Serra (PSDB) continua calado sobre a greve.

Policias querem novo secretário

Os manifestantes carregavam faixas e alguns usavam nariz de palhaço. Eles pediam a presença do secretário Ronaldo Marzagão e gritavam frases como "Marzagão, pede para sair".O grupo, que chegou à secretaria por volta das 12 horas e 10 minutos, deixou o local aproximadamente meia hora depois, em direção à Delegacia Geral, na rua Brigadeiro Tobias, dando continuidade ao protesto.


Nelson de Jesus Leone, presidente da da Associação dos Agentes Policiais Civis do Estado, afirmou que o objetivo do protesto é esclarecer a população sobre as reivindicações da categoria. "Queremos a dignidade da Polícia Civil", disse.

Pressão


Para a Adpesp, o ato cumpriu o objetivo de mostrar ao governo que a categoria está unida. Segundo a entidade, esse é o maior movimento grevista realizado até hoje pela polícia civil.


O ponto alto da manifestação, no entanto, foi o ato de repúdio pela atitude do secretário Marzagão, que na noite da segunda fez a transferência do presidente da Adpesp, Marcos Roque, do Departamento de Inteligência (Dipol) para o Departamento de Polícia Judiciária (Decap). Na linguagem dos agentes, esse é o chamado "bonde". Com a ameaça de "bonde", a Secretaria de Segurança Pública vem pressionando os trabalhadores a desistirem da greve.


Renato Flor, assessor da Adpesp, afirma que isso é uma tentativa de desestruturar o movimento."Essa é uma forma que eles encontraram de demonstrar poder. Uma forma de intimidação sobre os agentes mais novos", revela. "Por conta dessa atitude, o diretor da Dipol, Domingos Paula Neto, colocou seu cargo à disposição do delegado geral e nesta semana outros delegados também o farão", revela.


Sem acordo

Os sindicalistas reivindicam 15% de reajuste salarial este ano, mais 12% em 2009 e outros 12% em 2010. Além de melhores salários, os policiais querem a exoneração do secretário Ronaldo Marzagão.


De acordo com André Dahmer, diretor da Associação dos Delegados de Polícia de São Paulo, a greve continuará por tempo indeterminado até que a Secretaria de Segurança Pública reabra as negociações. Por sua vez, o secretário manifesta intransigência e afirma que só negocia se os policiais encerrarem a greve.


"A categoria está cada vez mais mobilizada. Hoje temos aqui policiais que viajaram até 600 km para participar da manifestação. O governo tem se mostrado indiferente à nossa situação. Isso incomoda muito a categoria.", declarou Dahmer.

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