O que mais se discutiu nos Estados Unidos na semana que passou foi a questão do dinheiro público para salvar instituições financeiras em estado falimentar ou a caminho de. Ganhou a corrente do”ruim com o socorro financeiro, pior sem ele”. E agora a bola está com o congresso americano, pressionado pelas autoridades financeiras a aprovar com urgência, urgentissima o pacotaço de 700 bilhões de dólares. Com isso, a dívida interna do Tio Sam passa de $10.6 trilhões para $11.3 trilhões de dólares. Uma dívida respeitável. De onde virá esse dinheiro, ninguém sabe. Mas as máquinas de imprimir já estão a postos.
Como no Proer brasileiro, sobrou para o contribuinte, que vai pagar a conta da farra das hipotecas, que teve nos bancos os grandes responsáveis.
Se aprovado o plano, restam as seguintes dúvidas: será que esse pacote vai funcionar como uma panaceia que irá curar todos os males do sistema financeiro norte-americano? Ou apenas empurra o problema para o próximo governo?
O fato é que a crise cresce, se espalha pelo mundo e chegou com tudo à Europa. A briga pelo emprego está tornando a vida dos imigrantes um inferno. Na África do Sul, gangs matam imigrantes africanos ilegais que oferecem mão de obra quase de graça. Na Itália, o governo Berlusconi colocou o exército nas ruas para caçar imigrantes. E na Espanha, os imigrantes, mesmo os legalizados, não podiam sofrer humilhação maior. O governo lançou um programa que oferece dinheiro para aqueles que queiram voltar a seus países. Em troca, os imigrantes têm que abrir mão do visto de residência e de trabalho e não poderão regressar à Espanha no prazo de três anos. É como você estar na casa de uma pessoa e ela pedir para você se retirar, porque não está agradando.
O mais triste nessa história é a reação das associações de imigrantes. Elas argumentam que, mesmo passando dificuldades na Espanha, sempre estarão melhores que em seus países. Além do mais, consideram pequena a grana oferecida, uma média de 7 mil euros. E o governo que esperava a adesão de um milhão de estrangeiros, o que abriria muitas vagas no mercado de trabalho do país, vê o plano sem esperanças.
A Espanha também se envolveu em outro episódio lamentável. Depois de um acordo com o governo da república africana de Gâmbia para a devolução de 101 imigrantes daquele país, o avião espanhol que transportou os "devolvidos" foi impedido de desembarcar, ficando retido cinco horas na pista. O governo do país africano alegou que a documentação não estava em ordem e se recusou a receber seus próprios cidadãos. O incidente poderia ter se agravado porque a bordo estavam 117 agentes policiais espanhóis. A aeronave acabou voltando à Espanha por ordem do governo de Madri...com os 101 imigrantes a bordo.
Antes de encerrar, um breve comentário sobre a gafe da semana. Seu autor, o candidato republicano, John McCain. Numa entrevista à uma rede de emissoras de rádio, em Miami, perguntaram se ele convidaria o primeiro-ministro espanhol, Jose Luiz Zapatero, para visitar a Casa Branca (que nunca foi convidado por Bush). McCain respondeu vagamente dizendo que vai trabalhar com quem é amigo dos Estados Unidos, mas vai jogar duro com os inimigos. O entrevistador insistiu na pergunta sobre Zapatero e McCain saiu-se com essa: “não posso prometer nada, mas reconheço a importância da nossa relação com a América Latina”.
A gafe de McCain virou notícia e até editorial em jornais norte-americanos e motivo de piadas em blogs de política. Em um deles, o comentário: “ele deve ter confundido Zapatero com Zapatista”.
Eliakim Araújo
Como no Proer brasileiro, sobrou para o contribuinte, que vai pagar a conta da farra das hipotecas, que teve nos bancos os grandes responsáveis.
Se aprovado o plano, restam as seguintes dúvidas: será que esse pacote vai funcionar como uma panaceia que irá curar todos os males do sistema financeiro norte-americano? Ou apenas empurra o problema para o próximo governo?
O fato é que a crise cresce, se espalha pelo mundo e chegou com tudo à Europa. A briga pelo emprego está tornando a vida dos imigrantes um inferno. Na África do Sul, gangs matam imigrantes africanos ilegais que oferecem mão de obra quase de graça. Na Itália, o governo Berlusconi colocou o exército nas ruas para caçar imigrantes. E na Espanha, os imigrantes, mesmo os legalizados, não podiam sofrer humilhação maior. O governo lançou um programa que oferece dinheiro para aqueles que queiram voltar a seus países. Em troca, os imigrantes têm que abrir mão do visto de residência e de trabalho e não poderão regressar à Espanha no prazo de três anos. É como você estar na casa de uma pessoa e ela pedir para você se retirar, porque não está agradando.
O mais triste nessa história é a reação das associações de imigrantes. Elas argumentam que, mesmo passando dificuldades na Espanha, sempre estarão melhores que em seus países. Além do mais, consideram pequena a grana oferecida, uma média de 7 mil euros. E o governo que esperava a adesão de um milhão de estrangeiros, o que abriria muitas vagas no mercado de trabalho do país, vê o plano sem esperanças.
A Espanha também se envolveu em outro episódio lamentável. Depois de um acordo com o governo da república africana de Gâmbia para a devolução de 101 imigrantes daquele país, o avião espanhol que transportou os "devolvidos" foi impedido de desembarcar, ficando retido cinco horas na pista. O governo do país africano alegou que a documentação não estava em ordem e se recusou a receber seus próprios cidadãos. O incidente poderia ter se agravado porque a bordo estavam 117 agentes policiais espanhóis. A aeronave acabou voltando à Espanha por ordem do governo de Madri...com os 101 imigrantes a bordo.
Antes de encerrar, um breve comentário sobre a gafe da semana. Seu autor, o candidato republicano, John McCain. Numa entrevista à uma rede de emissoras de rádio, em Miami, perguntaram se ele convidaria o primeiro-ministro espanhol, Jose Luiz Zapatero, para visitar a Casa Branca (que nunca foi convidado por Bush). McCain respondeu vagamente dizendo que vai trabalhar com quem é amigo dos Estados Unidos, mas vai jogar duro com os inimigos. O entrevistador insistiu na pergunta sobre Zapatero e McCain saiu-se com essa: “não posso prometer nada, mas reconheço a importância da nossa relação com a América Latina”.
A gafe de McCain virou notícia e até editorial em jornais norte-americanos e motivo de piadas em blogs de política. Em um deles, o comentário: “ele deve ter confundido Zapatero com Zapatista”.
Eliakim Araújo
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