sábado, 13 de setembro de 2008

Já que não sabe "JORNALISMO", a Folha, pelo menos, deveria saber "PORTUGUÊS"

Um velho e sábio jornalista mineiro, Monzeca, chefe de redações, ameaçava demitir quem usasse ponto e vírgula:

- Não há ponto e vírgula. Ponto é para parar, vírgula para seguir. Ponto e vírgula pára e segue, segue e pára. Para a frente e para trás. Mata o texto.

A "Folha" inventou, há muito tempo, coisa pior: a vírgula-ponto. Todo dia, nas "Frases" da página 2, ela insiste, como terça-feira:

"Acho que agora o presidente Lula está contente. Dunga, técnico da seleção, após a vitória sobre o Chile por 3 a 0, ontem na `Folha'" (sic).

Pensávamos que o jogo Brasil x Chile tinha sido no Estádio Nacional de Santiago. Mas a "Folha" diz que o jogo foi "na `Folha'", dentro da "Folha". Só não explica se foi na redação, na oficina ou lá em cima na diretoria.

"Folha"

Qualquer professorinha de escola primária teria corrigido a frase da "Folha", e corrigido com razão, mandando escrever assim:

"Acho que agora o presidente Lula está contente! Dunga, técnico da seleção, após a vitória sobre o Chile por 3 a 0. (Ponto). Ontem na `Folha'".

O "ontem na `Folha'" não faz parte da frase anterior, que fala sobre o resultado do jogo. É outra frase, sobre a publicação da declaração de Dunga, para dizer que já foi publicada no dia anterior ("ontem"), no jornal. Logo, entre as duas frases tem que haver é ponto e não vírgula.

Haddad

Se fosse apenas uma vez, seria um descuido. Mas é assim todo dia. Sistematicamente. Logo abaixo da frase do Dunga, há outra:

"Valdivia é nosso! Torcida do Brasil em Santiago, quando o jogador foi expulso da partida, ontem na `Folha'" (sic).
O jogador foi expulso no campo e não "na Folha". "Ontem na Folha" tinha saído a notícia da expulsão do jogador, com o grito da torcida do Brasil. Logo, necessariamente, teria que haver ponto entre as duas frases.

Essa tolice diária da "Folha" parece bobagem, mas não é. O Ministério da Educação, comandado pelo jovem e excelente ministro Haddad, está fazendo um esforço enorme para que os alunos terminem o curso fundamental sabendo ler bem, entendendo o que leram e escrevendo.

Responsabilidade

Não é coisa de somenos importância, como diria Machado de Assis. Em um país como o nosso, de analfabetismo e semi-alfabetização ainda assustadores, onde livro é luxo, jornais e revistas são artigos educacionais.

A "Folha" é o mais influente jornal do País. Tem responsabilidade pública sobre o texto que entrega para ser lido, sobretudo pela infância e juventude. Não pode ensinar o errado. Terça-feira, estava numa manchete:

"Queda nas commodities levam (sic) bolsa brasileira a menor nível desde 2007".
A "queda" "leva" e não "levam". Desculpem o mau jeito

Nenhum comentário:

Marcadores