Quem não se lembra da sua tramóia durante a Constituinte, apresentando no texto o que não foi votado pelos seus pares? Isto já era mais que suficiente para ele nunca ter sido aprovado para compor o Supremo Tribunal Federal. Aliás, ele nunca deveria sequer ter sido indicado. Contrariando todos os princípios da moral e da ética, Jobim era tido no STF como o líder do Coisa Ruim durante o desgoverno tucano-pefelista.
Hoje, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Defesa é o líder do megaguabiru Daniel Dantas. Ele deveria ser chamado não de ministro da Defesa do Brasil, mas sim ministro da defesa de Daniel Dantas, pois todos sabem que ele é um fervoroso defensor do chefe da maior quadrilha que existe no País. Os fatos estão aí para comprovar.
Ao ir para o confronto com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, numa reunião no Palácio do Planalto com a presença do presidente Lula, Nelson Jobim criou um clima de terror, se aproveitando do medo patológico do Presidente, para pedir a cabeça do delegado Paulo Lacerda e de toda a cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), afirmando peremptoriamente que o órgão fizera grampo no telefone do presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Por mais que o general Felix mostrasse que as maletas adquiridas pela Abin e pelo Exército não fazem grampo, mas sim varredura, mais Jobim afirmava o contrário.
O ministro da defesa de Daniel Dantas sabe melhor que ninguém que nada que aparece nas páginas da panfletária revista Veja merece crédito. Até as pedras sabem que o Robert Civita, diretor da Editora Abril, não se cansa de falar para seus interlocutores que o seu objetivo é fu... o PT e o governo do presidente Lula. Além de agradar ao orelhudo, por ser por ele bem remunerado, Civita também objetiva se vingar do presidente Lula porque perdeu a mamata de imprimir, sem licitação, milhões de livros anualmente para os alunos da rede pública de ensino.
Também o ministro da defesa de DD sabe melhor que ninguém que não existe crise institucional ocasionada pelo suposto grampo do telefone do líder do DD no STF. Ele sabe que tudo foi arquitetado pela famiglia Civita com o apoio incondicional dos Marinho, dos Mesquitas, dos Frias e de outras poucas famiglias que controlam 90% da mídia brasileira. Guardadas as devidas proporções, essa armação de crise institucional parece com o famigerado Plano Cohen, armado pela extrema direita para justificar o golpe, há exatos 61 anos, que instituiu a ditadura do Estado Novo.
Depois de ser pego na mentira, Jobim quer convencer o presidente Lula que foi induzido ao erro por um subordinado. Se tivesse um pouco de dignidade, o ministro da defesa de DD já teria reconhecido publicamente que mentiu e entregue o cargo para o qual nunca deveria ter sido nomeado, já que não reúne condições morais e éticas para tal. Ele já causou um grande constrangimento ao presidente Lula por ter afastado, injustamente, o diretor-geral e toda a cúpula da Abin. Deveria também evitar o constrangimento do Presidente de ter de mantê-lo no cargo para não perder o apoio do PMDB no Congresso Nacional.
Se tivesse um pouquinho de dignidade, Jobim deveria exigir a gravação da conversa de Gilmar Mendes com o senador Demóstenes Torres (DEMO-GO). Não precisa exigir o nome da fonte que passou a suposta gravação, mas sim que o áudio fosse apresentado.
Os líderes de Daniel Dantas no STF, Gilmar Mendes; no Legislativo, senador Heráclito Fortes (DEMO-PI); e no Executivo, Nelson Jobim; com o irrestrito e incondicional apoio da mídia conservadora, venal e golpista estão conseguindo fazer, com certo sucesso, é confundir a opinião pública, transformando heróis em vilões. Afinal, o principal acusado, Daniel Dantas, está completamente fora de foco.
Essa incrível inversão de valores é profundamente danosa à democracia.
Messias Pontes é jornalista
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