"Sobre a crise atual e suas implicações".
Documento interno, destinado aos executivos do Bradesco , elaborado por Octavio de Barros, diretor do departamento de pesquisas econômicas do Banco, em que analisa a "crise". Alguns trechos selecionados:
Documento interno, destinado aos executivos do Bradesco , elaborado por Octavio de Barros, diretor do departamento de pesquisas econômicas do Banco, em que analisa a "crise". Alguns trechos selecionados:
(...) Os mercados ingressaram em uma rota de irracionalidade absoluta, dentro do que Keynes na sua Teoria Geral chamava de "armadilha pela liquidez". Por mais que a preferência pela liquidez seja uma resposta racional à incerteza, o que estamos assistindo agora não está nos livros-texto e nos manuais. Estamos assistindo fora do Brasil uma "busca desenfreada por cofre". Os agentes líquidos buscam cofres pelo mundo afora e o cofre mais procurado neste momento é o Fort Knox (títulos do Tesouro dos Estados Unidos).
(...) A desalavancagem global de todos os ativos que observamos hoje traduz um cenário que vai além da recessão global: sugere um ambiente que caminharia para a depressão.
(...) O previsível processo de desalavancagem que já estava considerado por todos os economistas do mundo parece ir muito além do razoável. Neste contexto, mesmo inconcluso o ajuste externo dos Estados Unidos, o dólar se valoriza fortemente no mundo (fuga para a qualidade), jogando preços de commodities para baixo e desvalorizando moedas dos emergentes produtores desses bens como o Brasil.
(...) Tão logo a aversão absoluta ao risco vá se dissipando (infelizmente não sabemos quando), os atores globais irão em busca de boas oportunidades diante de ativos barateados pela crise. Temos a intuição de que os ativos ficaram muito baratos em vários países e que há inequívocas distorções nos preços dos ativos.
(...) Em resumo, mesmo não sendo nenhum alento, parece igualmente intuitivo que no "dia seguinte" à crise, o Brasil se habilita como um dos países com o mais diversificado leque de oportunidades de negócios com grande potencial de crescimento. Afinal, essa crise pegou o Brasil em bem melhor forma do que esteve no passado em episódios similares.
(...) O Brasil tem tudo para sair relativamente bem desse dramático episódio de crise sistêmica. Poderemos crescer em torno de 3% no ano que vem e com boas perspectivas de crescer 4% no ano seguinte. O mundo crescerá menos: algo apenas acima de 2% em 2009. As novas locomotivas da economia mundial (os BRICs e outros emergentes) continuarão ganhando market share no PIB mundial.
Octavio de Barros, diretor do departamento de pesquisas econômicas do Bradesco
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