terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sindicância da PM vai apurar atuação do Gate no ABC

O capitão Giovannini deu uma terceira versão: Ele disse que tinha recebido "expressas recomendações superiores" para não aplicar determinadas ferramentas profissionais tais como atirador de precisão.

Porquê? É um mês político? Estamos na véspera de uma uma eleição?


Versões apresentadas por oficias que comandaram operação não batem.

Em dez anos, grupo de elite da PM teria falhado em apenas duas ocasiões.

A Polícia Militar vai abrir uma sindicância para apurar a atuação do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) no episódio que resultou na morte de Eloá Cristina Pimentel, na noite de sábado (18), depois de ter sido mantida refém por cerca de 100 horas e baleada na sexta-feira (17) pelo ex-namorado Lindembergue Alves, em um conjunto habitacional no Jardim Santo André, no ABC. O prazo para a conclusão é de 30 dias. Se for necessário, os trabalhos podem ser estendidos por mais 90 dias.

Desde o desfecho do seqüestro no ABC paulista, as autoridades policiais têm fornecido muitas explicações sobre o que aconteceu em Santo André. Mas algumas dúvidas persistem, como mostra a reportagem do Jornal Nacional.



Dois policiais militares na linha de frente do seqüestro de Santo André deram declarações à imprensa, mas as versões não batem. O comandante do Batalhão de Choque, coronel Eduardo José Félix, falou no sábado (18). Seu subordinado, o chefe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), capitão Adriano Giovannini, deu entrevista nesta segunda (20) ao JN.



A primeira dúvida: a polícia sabia que a porta estava bloqueada com móveis?

Coronel Félix – “Com certeza, é até mais um motivo. A gente passou lá uma semana, com o de Pieri e o Giovaninni, e às vezes foge alguma coisa, por mais que a gente se prepare. Existia possibilidade de ele ter colocado alguma coisa atrás da porta. E a explosão não dar o efeito que nós queríamos. Por exemplo: se realmente a porta estivesse aberta com a explosão por inteiro, hoje nós estaríamos aqui dando uma coletiva de uma outra forma. Com certeza não daria tempo de ele reagir. Ocorre que a porta não abriu de uma vez, tinha uma mesa atrás... Um rack, não é? E isso dificultou a entrada da equipe”.

Capitão Giovannini – “É óbvio que tínhamos a idéia de que poderia haver alguma barricada, uma cadeira, um sofá, ali atrás da porta. Tanto é que a carga foi calculada para cortar a porta e já arrastar um pouco os móveis também”.

Outra questão: por que a polícia não usou um atirador de elite para atingir Lindemberg?

Coronel Félix – “Se nós tivéssemos atingido com o tiro de comprometimento o Lindemberg, fatalmente os senhores estariam questionando o Gate: ‘Por que não negociaram mais? Por que deram o tiro de comprometimento em um jovem de 22 anos de idade numa crise amorosa, que estava num determinado momento de sua vida fazendo algo que ele poderia se arrepender para o resto da vida’”.

Capitão Giovannini – “O que acontece: faltou oportunidade. Ninguém, mas ninguém tem a melhor visão do que os meus policiais lá. Faltou oportunidade porque tinha obstáculos que poderiam desviar o projétil. Ele preencheu todos requisitos legais pra adotar essa tática, mas faltou oportunidade.”

No inquérito da Polícia Civil, o capitão Giovannini deu uma terceira versão. Ele disse que tinha recebido expressas recomendações superiores para não aplicar determinadas ferramentas profissionais tais como atirador de precisão.



Tropa especial


O grupo no foco dessa discussão é uma tropa especial da PM paulista. No caso de Santo André, o Gate negociou com o seqüestrador durante 100 horas. O final trágico, com a morte de uma refém e ferimentos graves na outra, que voltou para o cativeiro depois de ser libertada, levanta vários questionamentos.

Mas, segundo a Polícia Militar, o Gate só falhou duas vezes em casos semelhantes nos últimos dez anos. Além de Eloá Pimentel, a estatística registra a morte de Andréia Santos, refém do amante, que se matou em seguida, em 2006.

A estatística oficial indica que 46 reféns foram resgatados em segurança pela equipe neste ano. E, nos casos que resultaram na mortes dos seqüestradores, houve sempre suicídios – os policiais não mataram nenhum deles.

Nenhum comentário:

Marcadores