segunda-feira, 24 de novembro de 2008

HELIO FERNANDES - Tribuna da Imprensa


O Banco do Brasil comprou a Nossa Caixa, ótimo
Antes, deveria ter comprado o Unibanco

Nada contra a compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. Ao contrário, pelo que defendo há dezenas de anos, a operação já deveria ter sido feita há mais tempo. O próprio Claudio Lembo ("governador" cheio de aspas, paetês, ponto cruzado ou ponto bordado) tentou vender a Nossa Caixa, mas ele era interino, ninguém queria negociar.

O Banco do Brasil deveria ser o maior banco brasileiro. (Estava obrigado a isso.) Já foi, faliu, se recuperou, voltou, cresceu, mas não tinha objetivos político-administrativos-nacionais. Precisam financiar o desenvolvimento, o espetáculo do crescimento, se concentrando na infra-estrutura. Não fez nada disso.

Em vez de ser a matriz do enriquecimento, se acomodou com a filial do empobrecimento. Quando sentiu, descobriu ou desconfiou que estava agindo longe dos seus verdadeiros projetos, entrou no mercado. Mas já era tarde, como continua sendo

No governo FHC, quase todos os bancos estatais-estaduais foram DOADOS, o BB não recebeu nenhuma fatia. Também, convenhamos, como o BB é estatal (ainda e felizmente), e como o governo estava "recebendo" tudo com "moedas podres", corria o risco de ser entregue sem pagarem nada. (Esta Tribuna participou inteiramente da luta contra a doação, só que o FMI, a globalização, e os interesses-cruzados, são invencíveis. Além do mais, durante 8 anos, o País ficou entregue a um troglodita do retrocesso.)

O BB perdeu a grande chance de comprar o Unibanco, que estava sendo oferecido no mercado. Pagou mais de 5 BI pela Nossa Caixa, o Unibanco, maior, foi comprado sem dinheiro pelo Itaú. Além do mais, o Unibanco foi transformado em quase potência por Walter Moreira Salles, um extraordinário e compenetrado nacionalista. Desde que saiu da faculdade, amicíssimo de Dona Alzira Vargas, Moreira Salles ganhou tudo o que um banqueiro precisa.

Tendo recebido como herança um banquinho em Poços de Caldas, (tamborete, com se chamava) foi logo nomeado diretor do Banco do Brasil, (vejam as ligações mesmo remotas) pelo pai de Dona Alzira, o ditador do "Estado Novo". A seguir, promovido: passou a Superintendente da Moeda e do Crédito (Sumoc), importantíssimo, mais tarde, Banco Central.

Depois, já rico, e com independência política, foi ministro da Fazenda e a seguir embaixador nos EUA. Qualquer cidadão que receba esses quatro cargos, mesmo sendo dono de um banquinho, teria que se transformar em potência financeira. (O Pedro Moreira Salles, único dos 4 irmãos que se interessa pelo banco, teria levado isso em consideração. Fortaleceria o BB.)

PS - Doutor Walter era importante. Falavam intensamente que se casaria com Dona Alzira, logicamente os dois ainda solteiros. O que não aconteceu. (Para desespero dos colunistas sociais, que dominavam a época, eram poderosos.)

PS2 - Doutor Walter, muito moço, já era homem de convicções, nunca se rendeu às multinacionais. E quando digo que era nacionalista, é porque só ocupou cargos estatais: diretor do BB, Sumoc, ministro da Fazenda, embaixador nos EUA.

PS3 - Se tivesse casado com Dona Alzira Vargas e com sua competência, teria até a possibilidade de ser sucessor do próprio Vargas. Os filhos, (que logicamente ainda não existiam), se livraram antecipadamente, de serem chamados de netos de um ditador. "Viver é perigoso", nem é preciso pagar royalties a Guimarães Rosa.

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