terça-feira, 18 de novembro de 2008

Jeito TUCANO de governar em São Paulo: JOSÉ SERRA

Intransigência do governo Serra pode levar funcionalismo de SP à greve geral


fim da greve da Polícia Civil não garante ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB) a distensão em sua relação com o funcionalismo estadual. As principais entidades do setor organizam um ato conjunto para o próximo dia 28, que poderá ser o passo inicial para uma greve geral do funcionalismo contra o governo estadual.

"É bem possível que a unificação dos movimentos leve à greve geral, no ano que começa. Houve mobilização parecida em 2000, durante o governo de Mário Covas", disse Maria Izabel Noronha, a presidente da Apeoesp, sindicato que reúne os professores da rede estadual. A Apeoesp conta com 150 mil associados, e, de longe, é a maior entidade de empregados do governo paulista. A instituição se auto-intitula "o maior sindicato da América Latina".

"Esta possibilidade de greve total está sendo amplamente cogitada", confirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde, Benedito Augusto, que reúne 30 mil sindicalizados. Os interesses dos funcionários que devem se reunir na Praça da Sé dentro de onze dias são difusos: haverá queixas da falta de diálogo entre o governo estadual e seus empregados, da defasagem dos planos de carreiras, protestos contra a política de terceirizações na área da saúde e a estratégia do governo paulista de aumentar a remuneração dos funcionários conforme o desempenho em suas funções.


Os líderes sindicais do funcionalismo não fazem distinção entre os três governos tucanos que administraram o Estado desde 1995, em termos de linha estratégica de atuação em relação aos servidores. Mas destacam, no caso de Serra, a maior disposição para o confronto.


"Durante oito anos não houve greve de professores em São Paulo. Desde a paralisação de 2000, os governos estaduais temiam o embate. Este governo foi para o enfrentamento", comentou Maria Izabel, ao mencionar a paralisação deste ano que atingiu cerca de 60% das escolas, e que terminou em empate: os funcionários não conseguiram subtrair a avaliação de desempenho dos professores temporários, mas retiraram seu caráter eliminatório e obtiveram conquistas isoladas, com a efetivação de 75 mil funcionários da pasta que trabalhavam em caráter temporário. "Só negociamos com assessores jurídicos. A secretária Maria Helena Guimarães de Castro não aceitou participar em nenhum momento", disse Maria Izabel.


O trabalho conjunto das entidades sindicais é apontado como um dos maiores fatores para a eclosão da greve na Polícia Civil, a primeira desta amplitude na história do Estado, que foi encerrada na semana passada. Em colaboração com sindicatos filiados à CUT, entidades dos policiais planejaram a paralisação ao longo de 2008. "O policial é muito conservador, em regra é contra greves. Mas diminuímos nossa segmentação e nos mobilizamos. O secretário de Segurança, Ronaldo Marzagão, nos recebeu de pé, para uma conversa de minutos. O Serra nunca aceitou negociar conosco", comentou o diretor da Associação dos Delegados de Polícia, André Dahmer.

"Nosso diálogo é com á área de recursos humanos. O secretário de Saúde Luiz Roberto Barradas não dialoga", comentou Benedito Augusto, que conduziu no ano passado uma greve no que durou 60 dias. A paralisação terminou com a assinatura de uma carta de Barradas concordando em abrir negociações. Desde então houve a incorporação no salário de algumas gratificações, o que permitiu, segundo Benedito Augusto, que o salário-base de um auxiliar de enfermagem passasse de R$ 90 para R$ 200.

Na Assembléia Legislativa, a base governista reage com ironia à ameaça de paralisação. "Esta é uma das histórias mais antigas da política paulista. Há 32 anos que ouço falar em greve geral do funcionalismo", disse o líder do governo na Casa, Barros Munhoz (PSDB). Procurado pelo jornal Valor, o secretário estadual de Gestão, Sidney Beraldo, recusou-se tanto a conceder entrevista quanto a responder as perguntas enviadas pelo jornal por endereço eletrônico.

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