A reação positiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à repercussão do encontro do G-20, realizado no final de semana, encontra apoio diante da avalanche de matérias favoráveis publicadas pelos principais jornais do mundo sobre o tema. Nos textos produzidos pela imprensa internacional, a situação do Brasil e as posições do próprio Lula foram inúmeras vezes ressaltadas por seu equilíbrio, bom senso e assertividade.
Veja o que disseram alguns jornais estrangeiros:
- No New York Times, Sheryl Stolberg assinalou a presença de Lula ao lado direito de Bush, sob o gigantesco quadro de Abraham Lincoln. Deu espaço também a declarações do presidente brasileiro, no sentido de que a economia dos países emergentes começava a sofrer efeitos de uma crise gerada nos países desenvolvidos e nos Estados Unidos em particular. O cenário, observou a jornalista, "passou a mostrar veementemente a maneira como a crise financeira, originada em Wall Street, espalhou-se pelo mundo e está ajudando a reestruturar a ordem econômica internacional. Ao decidir convidar para o encontro líderes de países em desenvolvimento, deu-lhes Bush estímulo a suas agendas próprias".
- Ainda no New York Times, Mark Landler saudou a iniciativa de se ampliar o número de participantes do Fórum de Estabilidade Financeira (Financial Stabilit Forum) "de modo a nele incluir também os ministros da Fazenda e presidentes de bancos centrais de países como o Brasil e a China". Outro articulista do Times, Steven Lee Myers, reproduziu a preocupação do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, de que a reunião, entre países ricos e emergentes, estava perigosamente deixando de lado os países mais pobres.
O El País, de Madri, reproduziu entrevista na qual o presidente Lula disse que a cúpula de Washington "foi histórica e representou uma verdadeira mudança no panorama político mundial. Saio daqui com a certeza de que a geografia política do mundo ganhou uma nova dimensão". O jornal observou que o Brasil aproveitou a reunião para avançar com o tema da liberalização do comércio mundial, "uma vez que a rodada de Doha em julho passado encalhou em seu enésimo fracasso".
A delegação brasileira solicitou uma nova reunião ministerial da Organização Mundial do Comércio (OMC) para tentar chegar a um resultado final até o final do corrente ano. Foi feita também referência expressa à interveniência do Brasil para que a Espanha, inicialmente excluída, fosse convidada também para participar da cúpula de Washington.
No sábado, o El País publicou uma entrevista interessante - "Nunca os países emergentes tiveram tanto a dizer", do economista Emílio Ontiveros - na qual ele assinalou que "a cúpula do G-20 levantou muitas expectativas dado o contexto de crise global em que se desenvolveu. Ademais, novos países ganham em importância, como a China, a Índia e o Brasil".
Pedro Rodríguez, correspondente em Washington do também madrilenho ABC, escreveu a matéria intitulada "O G-20 ilustra o novo mapa da economia global traçado pela crise". Conforme o texto, "a presença de emergentes gigantes cada vez mais decisivos, como a China, o Brasil e a Índia, torna evidente a obsolescência do sistema financeiro global, orquestrado há 60 anos". Rodríguez diz que o presidente Lula "foi um dos líderes que abertamente apresentou a cúpula de Washington como o lançamento de um novo status quo internacional: 'Estamos falando de G-20 porque o G-7 não tem mais razão de existir'."
No Les Echos, jornal francês especializado em economia e finanças, a jornalista Marie-Christine Corbier aponta que a crise financeira teve um lado positiva para os países emergentes, que foi a imposição de sua forte presença: países como a África do Sul, o Brasil, a China e a Índia deram um golpe nos velhos tradicionais integrantes do G-7 ou do G-8, grupos nos quais eles não estavam incluídos.
Em editorial, o Le Monde observou que "o G-20 prefigura o desaparecimento do G-8, o que é uma coisa positiva:
aceitando serem minoritários, como o foram em Washington, os países ocidentais demonstram que eles aceitam a conformação de um novo equilíbrio mundial. Cabe agora à China, ao Brasil e a outros países emergentes, provar que eles compreendem os deveres - e não apenas os direitos - que esse reconhecimento implica".
O Diário da China (China Daily, principal jornal chinês editado em inglês, desde 1981, com tiragem de 200 mil exemplares diários), destacou o encontro entre os presidentes Lula e Hu Jintao - e, em particular, a declaração do último de que pretende trabalhar muito próximo do Brasil para ressuscitar as negociações da rodada comercial de Doha. O artigo enfatizou o apelo feito pelo presidente brasileiro aos demais parceiros da rodada, apontando sua conclusão como um dos grandes sinais positivos para enfrentar a crise financeira internacional.
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