quinta-feira, 20 de novembro de 2008

LUTA CONTRA O TUCANO DAS ALTEROSAS


Minas, teu outro nome já foi liberdade


O movimento sindical mineiro deu um importante passo na construção unitária da oposição ao governo estadual nesta quarta-feira (19) com a realização do ato “Minas, teu outro nome já foi liberdade”, realizado nesta na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. O objetivo foi denunciar o desmantelamento da estrutura do Estado e o cerceamento à liberdade de organização sindical.



Aloísio Morais presta solidariedade aos perseguidos Nos seis anos de governo Aécio Neves esta foi a mais representativa articulação entre os movimentos sociais em oposição ao projeto neoliberal implementado pelo tucano. Neste período, foram realizadas diversas lutas, mas a maioria de forma isolada. “Daqui para frente vamos caminhar juntos”, anunciou Raul Pereira, secretário geral do Sindicato dos Engenheiros.



Segundo o presidente do Sindágua, José Maria Possante, os trabalhadores não podem continuar suportando isoladamente em cada categoria as imposições de todos os tipos. Ele relatou o caso da Copasa que, depois que teve 47% seu capital vendido para o capital privado, só pensa no lucro, “deixando os funcionários e o povo mineiro com a conta para pagar”. Por fazer este tipo de denuncia, segundo seu presidente, o Sindágua vem sofrendo vários processos, “que visam calar a boca dos seus trabalhadores”.



Solidariedade



O presidente do Sindicato dos Jornalistas Aloísio Morais comemorou o que chamou a volta dos trabalhadores à Casa do Jornalista e manifestou solidariedade com os sindicalistas que estão sendo perseguidos.



Aloísio chamou a atenção para o Projeto de Lei em pauta no Congresso Nacional regulamentando a prática de terceirização dos serviços, uma luta que sindicatos como o Sindieletro trava contra a Cemig, que já foi obrigada pela justiça a fazer concurso e demitir terceirizados.



Este é um dos vários conflitos que o Sindicato dos Eletricitários tem com a Cemig, como relatou no ato o presidente do Sindieletro, Wilian Wagner. O sindicalista acabara de chegar de uma negociação com a empresa, já que está em campanha para renovação do Acordo Coletivo de Trabalho e pela garantia mínima de 10 mil postos. Sem ter atendidas suas reivindicações, os eletricitários pararam nessa quinta-feira (20).



Professores



Outras denúncias contra o governo estadual foram feitas durante o ato. A coordenadora geral do Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Ensino), Inês Camargo, denunciou o descaso que o governador tem com a educação pública. Segundo a professora, o governo enfeita algumas escolas apenas para propagandas e abandona a quase totalidade das escolas estaduais e paga um dos piores salários do Brasil. “Um exemplo é a questão do Piso Nacional do Magistério, uma luta que desenvolvemos há anos. Agora que conseguimos sancionar o projeto, o governador Aécio Neves foi um dos articuladores da Ação de Inconstitucionalidade impetrada no Supremo Tribunal Federal contra este avanço”.



A perseguição à organização sindical não é uma particularidade só dos trabalhadores do Estado. É também praticada na iniciativa privada mineira, como denunciou o presidente da CUT Minas, Marco Antonio, “diretores do Sindicato dos Metalúrgicos de BH Contagem estão sendo demitidos. Além da investida do governo, temos que responder também a dos empresários, disse.



Histórico



O presidente do Sindicato dos Professores e também da Central dos Trabalhadores do Brasil MG, Gilson Reis, chamou de momento histórico o encontro, “principalmente por acontecer no Sindicato dos Jornalistas, palco de memoráveis lutas democráticas”.



Gilson lembrou que nos últimos seis anos os movimentos sociais mineiros têm sido recebidos com pauladas por parte do governo estadual. O sindicalista o encontro de trabalhadores para anunciar a realização de um seminário para debater a crise econômica, organizado por entidades do movimento social, que acontecerá nos próximos dias 28 e 29 de novembro em Belo Horizonte. Convocou também para a marcha dos trabalhadores para Brasília, que vai acontecer no dia 03 de dezembro,.



Os sindicalistas apresentaram um manifesto que está sendo distribuído em fábricas, empresas, escolas e universidades. Abaixo a íntegra:



Minas, teu outro nome já foi liberdade



Os trabalhadores de Minas Gerais vêm a público denunciar o desmantelamento da estrutura do Estado em benefício de um projeto político pessoal, que vem acarretando um retrocesso histórico com osucateamento de empresas e órgãos público como a Cemig, a Copasa, o Ipsemg e de outros importantes patrimônios do povo mineiro.



Na saúde, a qualidade dos serviços e as condiçõesde trabalho estão tão precárias pela falta de investimentos que até o Ministério Público do Trabalho repassou verbas para tentar minimizar problemas estruturais de algumas unidades. Os hospitais sofrem com superlotação, falta de equipes e de instalações para atendimento à população.



Na educação, após décadas de luta pela valorização do magistério, presenciamos o governador de Minas Gerais se aliar a outros para impedir que o piso nacional de R$ 950,00 dos professores seja implantado.



Na área de segurança, os investimentos divulgados pelo governo estão muito aquém das necessidades verificadas. São 14,3 homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes e há superlotação em cadeias públicassob controle da Polícia Civil. Enquanto isso, o governador Aécio Neves viaja numa sutil campanha eleitoreira e a sociedade fica trancada em suas casas com medo da violência nas ruas.



A Cemig propõe cortes nos postos de trabalho, precarizando a prestação de serviços através da terceirização. Uma posição totalmente oposta aos lucros que vem apresentando há vários anos. Vale salientar que, em 2008, a empresa deve obter o maior lucro de sua história, cerca de R$ 2 bilhões.



Já a Copasa, que fornece um serviço essencial à saúde da população, tem voltado seus interesses para as ações na Bolsa de Valores, deixando de investir em municípios que não dão lucros. A política adotada na empresa é discriminação de idade através da demissão de trabalhadores concursados, enquanto contrata assessores sem concurso público com altos salários. Ela beneficia ainda grandes construtoras com a prorrogação de contratos.



Como se não bastasse, o governo Aécio Neves investe em práticas anti-sindicais que ameaçam os direitos e a liberdade de expressão dos trabalhadores. Exemplo disso são os ataques que o sindicatos vêm sofrendo com perseguição aos diretores, falta de agenda para reuniões de negociação, controle de informações, uso do poder da política contra as manifestações e processos judiciais. Tudo isto, visando o desmantelamento dos sindicatos.



Cabe denunciar que, enquanto as empresas públicas mineiras gastam milhões de reais em publicidade, a população amarga faturas altíssimas de energia e de água. Esses mesmos cidadãos são impedidos de terem acesso a informações fundamentais de toda natureza devido ao silêncio incompreensível dos meios de comunicação.



Nós, entidades sindicais, nos vemos na obrigação de alertar que o interesse público relevante como saúde, saneamento, educação, energia e segurança não está sendo prioridade neste governo.



O “choque de gestão” implantado em Minas vem trazendo resultados apenas para os investidores estrangeiros e deixando de lado os interesses do povo mineiro. Não podemos mais esperar, resignados, que o nosso Estado, tradicional na defesa da liberdade, volte sua atenção para os interesses da sociedade. E preciso construir uma gestão democrática, que beneficie a população e, sobretudo, volte a dar espaço para a liberdade.



De Belo Horizonte,

Kerison Lopes

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