Dantas recorre a nove advogados para enfrentar De Sanctis
A preocupação com uma possível prisão levou Daniel Dantas a se apresentar ontem à Justiça Federal com um batalhão de advogados. Em vez dos tradicionais três ou quatro defensores, o banqueiro entrou na sala de audiência do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal Criminal, rodeado por ao menos nove advogados.
O juiz federal já decretou duas vezes a prisão de Dantas --ambas foram anuladas por ordem do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes.
Ontem, quarta-feira (19), foi a audiência final do processo movido contra Dantas por suposta corrupção (oferecimento de US$ 1 milhão a um policial para se ver livre de um inquérito por crimes financeiros) e, teoricamente, De Sanctis poderia ter sentenciado o banqueiro à prisão, o que não ocorreu. O magistrado ainda vai analisar pedidos formulados pela defesa antes de se pronunciar sobre a acusação.
Segundo a assessoria do TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), De Sanctis quer analisar com profundidade os novos pedidos feitos pela defesa do controlador do Grupo Opportunity, bem como as argumentações finais de defesa apresentados pelos acusados.
Não há prazo para que o juiz analise os pedidos e as alegações finais —só Daniel Dantas entregou no total 300 páginas com mais de 100 documentos, que incluem a requisição de novas diligências para a produção de provas.
À parte disso, circulava ainda um boato de que o delegado da Polícia Federal Ricardo Saadi, que chefia a investigação contra Dantas por crimes financeiros, teria pedido uma nova prisão do banqueiro, o que não foi confirmado.
Pessoas que acompanharam a audiência disseram que a tensão ficou evidente quando o banqueiro recebeu do juiz um documento. Num primeiro momento, pensaram se tratar de uma ordem de prisão. Depois, viram que era uma intimação comunicando o bloqueio de US$ 46 milhões atribuídos a ele no Reino Unido.
"O que é isso?", perguntou Dantas ao receber o papel. Ao ser informado do bloqueio, o banqueiro repassou o documento a um dos advogados.
Ontem, na audiência final, o bloco da defesa do banqueiro, encabeçado por Nélio Machado, membro do Conselho Nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), ganhou o reforço do advogado Andrei Zenkner Schmidt, do Rio Grande do Sul, considerado pelo meio jurídico um grande criminalista. Schmidt estava acompanhado por outros advogados do escritório.
Ontem, também pela primeira vez, o professor Hugo Chicaroni, que foi acusado pelo Ministério Público de ter atuado como intermediário de Dantas na tentativa de corromper um delegado federal, trocou o silêncio que vinha mantendo e falou com os jornalistas. Disse que tinha medo de voltar para a prisão e que é inocente.
O bloqueio administrativo dos US$ 46 milhões foi decretado a pedido do Ministério Público Federal, por meio de um tratado de bilateral de cooperação jurídica. Dantas já constitui advogados no Reino Unido.
O Ministério Público também já pediu a condenação dos réus, cuja pena varia de dois a 12 anos.
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