Delegado Saadi confirma a carreira criminosa de Dantas
O diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal em São Paulo, delegado Ricardo Saadi, concluiu que “é possível constatar que Daniel Dantas lidera uma organização criminosa”
Ao entregar o novo relatório de 242 páginas à Justiça Federal com as investigações da atuação de Daniel Dantas e do Grupo Opportunity, o delegado Ricardo Saadi, diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal em São Paulo, avaliou que com tudo que foi analisado “é possível constatar que Daniel Dantas lidera uma organização criminosa”. Segundo o delegado, os crimes do grupo vão desde gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, até formação de quadrilha.
No relatório, o delegado afirma que o Grupo Opportunity cresceu nos anos 1990, quando criou fundos para comprar empresas de telecomunicações, na onda de privatizações do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Durante o processo de privatização das telefônicas e na gestão das empresas arrematadas, houve desvio de recursos das companhias”, afirma o delegado. E ele diz também: “Parte dos recursos da gestão fraudulenta foi lavada através da compra de fazendas e de gado e também por meio de terrenos para a exploração de minério”.
“A organização criminosa liderada por Daniel Dantas usa corrupção e intimidação para alcançar seus objetivos”, prossegue o relatório. Entre os exemplos, o delegado cita o caso em que Dantas é acusado de tentar subornar com US$ 1 milhão um delegado da Polícia Federal com o intuito de barrar a Operação Satiagraha. O banqueiro já está sendo julgado por esta acusação e o veredicto do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal em São Paulo, deverá sair nos próximos dias.
Segundo Saadi, um dos fundos de Dantas, o Opportunity Fund, está registrado nas Ilhas Cayman e, apesar de ser exclusivo para aplicações de não-residentes no Brasil, foi usado por brasileiros residentes para interiorizar ilegalmente recursos no país. Para Saadi, a explicação é simples: como se pressupõe que o capital estrangeiro já foi tributado em seu país de origem, quando esses recursos são aplicados no Brasil, não podem ser tributados novamente. Para o delegado, esse mecanismo é um dos métodos usados pela quadrilha na “engenharia montada para lavagem de recursos”.
O delegado informa que parte dos recursos da gestão fraudulenta de Dantas foi lavada através da compra de fazendas e de gado e também em terrenos para a exploração de minério. O Opportunity controla, por exemplo, a Agropecuária Santa Bárbara, no Pará, que conta com milhares de alqueires e um milhão de cabeças de gado. Vendas falsa de gado fariam parte da operação.
O delegado Saadi assumiu o inquérito em substituição ao delegado Protógenes Queiroz, que se afastou das investigações para participar de um curso de aperfeiçoamento profissional. De posse do inquérito, o Ministério Público Federal está preparando nova denúncia contra Dantas e seus cúmplices. Na opinião do procurador, Rodrigo De Grandis, só pela acusação de corrupção ativa, Daniel Dantas poderá pegar de 2 a 12 anos de prisão.
As triangulações de Dantas foram detalhadas passo a passo pela PF. Para despistar a fiscalização brasileira, o Opportunity usou offshores para a compra e venda de debêntures de empresas brasileiras. “Um fundo do Opportunity no exterior desejando financiar uma empresa de seu grupo no Brasil, oculta-se perante os órgãos de fiscalização brasileiros, comprando debêntures de sua empresa no Brasil, usando pelo menos dois intermediários”, sintetiza o relatório.
A PF mostra um exemplo. O ponto de partida do dinheiro: uma offshore do grupo de Dantas emprestando dinheiro para outra empresa, a Basen Corporation. O ponto de chegada no Brasil: o próprio Opportunity, via operação com fundos do banco suíço UBS nos Estados Unidos. No documento apreendido pela PF referente à essa operação, há uma preocupação específica de que o Banco Central não identifique a verdadeira origem do dinheiro. O documento frisa que um fundo do UBS nos EUA “desperta menos suspeitas do que um em Cayman”.
A Polícia Federal concluiu que já há provas suficientes para condenar Dantas e seu grupo. Apesar disso, o delegado Saadi informa que as investigações vão continuar. Ele irá ouvir mais pessoas, entre elas investidores brasileiros que enviaram recursos para o exterior por meio de fundos do Banco Opportunity. Pelo menos 60 pessoas físicas e jurídicas que residem ou têm sede no Brasil usaram o fundo. “A existência desses clientes brasileiros foi confirmada através de pesquisas em bancos de dados referentes à Operação Farol da Colina da PF e de laudos elaborados pelo Instituto Nacional de Criminalística a partir de dados encontrados na memória do computador do Opportunity, apreendido durante a Operação Chacal”, informou o delegado.
SÉRGIO CRUZ
O diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal em São Paulo, delegado Ricardo Saadi, concluiu que “é possível constatar que Daniel Dantas lidera uma organização criminosa”
Ao entregar o novo relatório de 242 páginas à Justiça Federal com as investigações da atuação de Daniel Dantas e do Grupo Opportunity, o delegado Ricardo Saadi, diretor de combate a crimes financeiros da Polícia Federal em São Paulo, avaliou que com tudo que foi analisado “é possível constatar que Daniel Dantas lidera uma organização criminosa”. Segundo o delegado, os crimes do grupo vão desde gestão fraudulenta, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, até formação de quadrilha.
No relatório, o delegado afirma que o Grupo Opportunity cresceu nos anos 1990, quando criou fundos para comprar empresas de telecomunicações, na onda de privatizações do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. “Durante o processo de privatização das telefônicas e na gestão das empresas arrematadas, houve desvio de recursos das companhias”, afirma o delegado. E ele diz também: “Parte dos recursos da gestão fraudulenta foi lavada através da compra de fazendas e de gado e também por meio de terrenos para a exploração de minério”.
“A organização criminosa liderada por Daniel Dantas usa corrupção e intimidação para alcançar seus objetivos”, prossegue o relatório. Entre os exemplos, o delegado cita o caso em que Dantas é acusado de tentar subornar com US$ 1 milhão um delegado da Polícia Federal com o intuito de barrar a Operação Satiagraha. O banqueiro já está sendo julgado por esta acusação e o veredicto do juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Federal em São Paulo, deverá sair nos próximos dias.
Segundo Saadi, um dos fundos de Dantas, o Opportunity Fund, está registrado nas Ilhas Cayman e, apesar de ser exclusivo para aplicações de não-residentes no Brasil, foi usado por brasileiros residentes para interiorizar ilegalmente recursos no país. Para Saadi, a explicação é simples: como se pressupõe que o capital estrangeiro já foi tributado em seu país de origem, quando esses recursos são aplicados no Brasil, não podem ser tributados novamente. Para o delegado, esse mecanismo é um dos métodos usados pela quadrilha na “engenharia montada para lavagem de recursos”.
O delegado informa que parte dos recursos da gestão fraudulenta de Dantas foi lavada através da compra de fazendas e de gado e também em terrenos para a exploração de minério. O Opportunity controla, por exemplo, a Agropecuária Santa Bárbara, no Pará, que conta com milhares de alqueires e um milhão de cabeças de gado. Vendas falsa de gado fariam parte da operação.
O delegado Saadi assumiu o inquérito em substituição ao delegado Protógenes Queiroz, que se afastou das investigações para participar de um curso de aperfeiçoamento profissional. De posse do inquérito, o Ministério Público Federal está preparando nova denúncia contra Dantas e seus cúmplices. Na opinião do procurador, Rodrigo De Grandis, só pela acusação de corrupção ativa, Daniel Dantas poderá pegar de 2 a 12 anos de prisão.
As triangulações de Dantas foram detalhadas passo a passo pela PF. Para despistar a fiscalização brasileira, o Opportunity usou offshores para a compra e venda de debêntures de empresas brasileiras. “Um fundo do Opportunity no exterior desejando financiar uma empresa de seu grupo no Brasil, oculta-se perante os órgãos de fiscalização brasileiros, comprando debêntures de sua empresa no Brasil, usando pelo menos dois intermediários”, sintetiza o relatório.
A PF mostra um exemplo. O ponto de partida do dinheiro: uma offshore do grupo de Dantas emprestando dinheiro para outra empresa, a Basen Corporation. O ponto de chegada no Brasil: o próprio Opportunity, via operação com fundos do banco suíço UBS nos Estados Unidos. No documento apreendido pela PF referente à essa operação, há uma preocupação específica de que o Banco Central não identifique a verdadeira origem do dinheiro. O documento frisa que um fundo do UBS nos EUA “desperta menos suspeitas do que um em Cayman”.
A Polícia Federal concluiu que já há provas suficientes para condenar Dantas e seu grupo. Apesar disso, o delegado Saadi informa que as investigações vão continuar. Ele irá ouvir mais pessoas, entre elas investidores brasileiros que enviaram recursos para o exterior por meio de fundos do Banco Opportunity. Pelo menos 60 pessoas físicas e jurídicas que residem ou têm sede no Brasil usaram o fundo. “A existência desses clientes brasileiros foi confirmada através de pesquisas em bancos de dados referentes à Operação Farol da Colina da PF e de laudos elaborados pelo Instituto Nacional de Criminalística a partir de dados encontrados na memória do computador do Opportunity, apreendido durante a Operação Chacal”, informou o delegado.
SÉRGIO CRUZ
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