"A maior indenização que recebo da grande mídia que fabricou mentiras é quando encontro leitores que dizem não lêem mais revista "Veja", revista "IstoÉ". A reparação está sendo feita pela sociedade brasileira no nível da imprensa".
RECIFE - O delegado Protógenes Queiroz, que comandou a Operação Satiagraha, responsável pela prisão do banqueiro Daniel Dantas, afirmou ontem, no Recife, que vai entrar com ação judicial de indenização contra a Polícia Federal, que o afastou da operação e do setor de inteligência. "Não por mim, mas pela minha família", disse ele, em entrevista coletiva. "A sociedade recebeu com indignação procedimentos contra mim, contra minha família e contra meus colegas". "Minha intenção é buscar reparação". Ele adiantou, porém, que não tem pressa. O prazo é de 20 anos.
Quanto à imprensa - veículos e jornalistas que teriam sido colaboradores do "banqueiro bandido" Daniel Dantas na criação de provas contra ele - o delegado disse que não irá tomar nenhuma atitude. "A imprensa tem que ter liberdade e assumir as responsabilidades futuras", disse. "A maior indenização que recebo da grande mídia que fabricou mentiras é quando encontro leitores que dizem não lêem mais revista "Veja", revista "IstoÉ". A reparação está sendo feita pela sociedade brasileira no nível da imprensa".
O delegado veio a Recife participar de um debate sobre "Corrupção x Estado democrático de direito" na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). Ele reforçou a defesa da Polícia Federal vir a se tornar um órgão independente, funcionalmente, administrativamente e financeiramente. "Vou lutar Brasil afora para que isso se torne um debate público e a população venha a engrossar fileiras conosco para se fazer da Polícia Federal um órgão independente que vai defender os interesses da sociedade, do País e não de uma minoria".
O delegado federal negou intenção de entrar na vida política. "Contribuo mais com a sociedade como delegado da Polícia Federal".
Alvo de sapatada
Protógenes foi indagado por jornalistas sobre quem seria o alvo de uma eventual sapatada (a exemplo do jornalista iraquiano, que jogou os sapatos contra o presidente Bush). Protógenes citou a história de um taxista que ficou honrado por transportá-lo, mas disse que ele havia prendido a pessoa errada. O taxista nominou a pessoa - o que o delegado não fez. Mas deixou claro que a sapatada iria para quem ele deveria ter prendido. "Está no inconsciente coletivo das pessoas", afirmou o delegado.
Protógenes Queiroz não reagiu quando o presidente estadual do PSOL, Edílson Silva, partido responsável pela sua ida ao Recife, disse que o alvo da sapatada seria o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes. Mendes criticou a "espetacularização" da Operação Satiagraha e concedeu habeas corpus para Daniel Dantas e outros presos na operação.
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