Segundo Falk, que foi impedido de entrar em Israel, em dezembro de 2008, para realizar sua primeira missão como relator especial, e demais observadores da ONU, as eleições gerais no país, marcadas para fevereiro, motivam a ação militar israelense.
"A proximidade das eleições majoritárias está levando observadores a concluírem que o timing desta operação tem o objetivo de mostrar que tanto o ministro da Defesa [Ehud Barak], como a das Relações Exteriores [Tzipi Livni], ambos candidatos, são mais poderosos, e utilizam mais a força; são mais competentes para usar a força do que o outro candidato, que é o [Benjamin] Netanyahu", disse em entrevista coletiva na capital paulista.
O relator não crê que os conflitos da região sejam motivados pela existência do Hamas, e sim às ambições políticas das lideranças de Israel, "que utilizam esse tipo de argumento para não negociar uma paz eficaz".
"Desde o começo, após a eleição eles [o Hamas] propuseram arranjos de trégua até de longo prazo. E indicaram que viveriam em paz com Israel se o país voltasse as suas fronteiras de 1967. Não é justo focalizar nas inadequações dos Hamas como sendo o foco", afirmou.
O professor considera que a ONU deveria exigir uma trégua imediata da ação militar israelense, a retirada do exército dos territórios ocupados e o fim imediato do bloqueio à Faixa de Gaza. Também deveria impor a proibição imediata de qualquer lançamento de foguetes originados de Gaza. No entanto, ele reconhece a dificuldade da organização internacional em tomar decisões contundentes.
"As Nações Unidas só agem de forma eficaz quando seus principais membros desejam que isso ocorra. A oposição dos Estados Unidos a proteção aos palestinos tem feito com que as Nações Unidas ignorem ou descumpram compromissos da Carta das Nações Unidas", disse.
O relator da ONU disse ainda que os ataques israelenses estão criando uma situação bastante favorável aos palestinos no tocante a opinião pública internacional. "O horror do mundo frente aos ataques militares criou uma nova situação política no mundo, que é o sofrimento dos palestinos. É um novo fato esse, a percepção desse sofrimento. E esse é um projeto compartilhado que é o mais importante depois da luta contra o Apartheid na África do Sul".
As violações de direitos humanos cometidos por Israel justificariam a realização de uma investigação profunda para elucidar se elas constituem efetivamente um crime contra a humanidade. "Se elas constituírem, aí seria necessário um processo criminal. Mas você tem um complicador que é que Israel não é membro do Tribunal Internacional, e isso exigiria um tribunal especial, como foi feito no caso de Ruanda", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário