quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MÁ NOTÍCIA PARA A OPOSIÇÃO


Brasil capta US$ 1 bilhão no mercado externo após a crise

BRASÍLIA - Em meio à crise financeira global, e depois de quase oito meses de ausência, o Brasil voltou ontem ao mercado internacional com o lançamento de bônus da dívida externa com vencimento em 2019 captando US$ 1 bilhão. Apesar da crise, uma onda positiva se instalou no mercado financeiro com a proximidade da posse do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e abriu uma janela de oportunidade para a emissão do governo brasileiro, que identificou demanda de investidores pelos papéis do Tesouro Nacional.

Os títulos da dívida externa vencem em 15 de janeiro de 2019. O papel foi vendido com uma taxa de retorno (yield) de 6,127% ao ano e spread de 370 pontos-base acima dos treasuries - títulos do tesouro norte-americano com prazo de vencimento em novembro de 2018 - e cupom de juros de 5,875% ao ano. A taxa de retorno do novo papel emitido hoje é a mais alta para um título de 10 anos lançado pelo Brasil no exterior desde novembro de 2006.

O Tesouro informou que a oferta será estendida ao mercado asiático em até US$ 25 milhões, nas mesmas condições obtidas nas ofertas de ontem no mercado europeu e norte-americano. O resultado final da emissão será anunciado após concluída a oferta no mercado asiático.

Logo depois do anúncio da emissão brasileira, no final da manhã, a Colômbia também comunicou ao mercado que estava fazendo uma captação externa com o mesmo prazo de vencimento. As emissões do Brasil e Colômbia seguem a do governo do México, que, no final de dezembro, emitiu US$ 2 bilhões em bônus de 10 anos. São as primeiras captações soberanas de países emergentes desde uma operação da Turquia no início de setembro, antes do agravamento da crise internacional.

A operação brasileira teve início nos mercados dos Estados Unidos e Europa, mas o Tesouro tinha a prerrogativa de seguir com a operação depois no mercado asiático.

A emissão foi coordenada pelos bancos Goldman Sachs e Merrill Lynch. O anúncio da operação animou o mercado doméstico: a bolsa subiu e o dólar caiu. Logo depois do comunicado oficial, o Índice Bovespa atingiu seu nível máximo. O lançamento foi também percebido como um sinal de confiança nos rumos da economia brasileira e uma melhora nas condições de crédito, que poderá beneficiar as empresas interessadas em captar recursos no exterior.

Segundo as mesmas fontes, o Tesouro enxergou a janela de oportunidade ao identificar demanda dos investidores por crédito "Brasil", país que continua sendo avaliado positivamente. A emissão recente do México foi considerada um bom sinal. "O mercado vem melhorando desde dezembro e, por isso, é um bom momento para emitir", disse uma fonte do governo.

Logo depois da emissão bem-sucedida do México, o secretário do Tesouro, Arno Augustin, já tinha dado o sinal para a emissão brasileira. Na ocasião, Augustin disse que a captação mexicana era uma demonstração de que o financiamento externo poderia voltar para países emergentes e que não iria demorar muito tempo para o Brasil voltar ao mercado internacional. O México captou com taxa de retorno ao investidor (yield) de 5,98% ao ano.

A última emissão externa soberana do Brasil foi feita em 14 de maio de 2008, com uma reabertura de papéis Global 2017 de US$ 525 milhões. Na época, o yield saiu a 5,299%. Foi a única emissão externa em 2008.

As fontes informaram, no entanto, que a operação de hoje foi muito mais "qualitativa" de administração de ativos e passivos da dívida externa, que servirá de "benchmark" (referência) para o setor privado. Trata-se de um papel novo, diferente do Global 2019 emitido em 2004. A avaliação é de que esse Global 2019 anterior era um papel de cupom muito alto (8,75%) e que não tinha liquidez para servir de ponto de referência. O Tesouro, inclusive, tem intenção de recomprar esses Globals 2019 já emitidos.

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