quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Pegou mal

Não se fala de outra coisa no meio político. Repercutiu negativamente a foto, publicada em jornais, em que o governador Aécio Neves (PSDB) aparece ao lado dos playboys Álvaro Garnero e Alexandre Acioly, numa comemoração de passagem de ano no Sul da Bahia. A queixa, inclusive de gente que apoia Aécio para presidente, é que ele, diferentemente de outros presidenciáveis, não compareceu à posse de Márcio Lacerda, que foi no dia seguinte. Sem contar que Belo Horizonte estava debaixo d’água.

http://blogdoonipresente.blogspot.com/2009/01/ele-est-viajando.html

NA AVENIDA

Aécio desfila pela Mangueira no Carnaval de 2004. Seu estilo político é mineiro, mas com espírito carioca

Aos 46 anos, solteiro, boa-pinta e vaidoso, Aécio é mesmo um político fora dos padrões convencionais. Poderia ser qualificado como pop - se tal categoria existisse. Não perde uma balada, mesmo que possa parecer inconveniente. No começo de junho, foi flagrado, em São Paulo, numa festa promovida pelo empresário Álvaro Garnero para divulgar um novo remédio para "disfunção erétil". O evento, para 600 convidados, dava direito a uísque com energético e a dois envelopes com o tal "potencializador de ereção". Foi batizado com um nome sugestivo: "Viva la Vida".

Aécio, ao que tudo indica, parece saber vivê-la muito bem. Teve rápidos casos amorosos com as atrizes Paula Burlamaqui e Ana Paula Arósio e a apresentadora de TV Cynthia Howlett. "Levo uma vida normal, igual à das pessoas da minha geração", diz Aécio. "Virei governador, mas não deixei de fazer o que sempre fiz." No plano das amizades, Aécio costuma incluir o empresário Alexandre Accioly, o apresentador de TV Luciano Huck e o jogador de futebol Ronaldo. "Ele valoriza os amigos e não ostenta poder", diz Huck. "Com o Aécio, não tem batedor, segurança nem carteiraço."

Até que ponto esse lado namorador e festeiro atrapalha a carreira do político? Aparentemente, não muito. Com sua imagem pop, Aécio tem tentado aparecer como uma versão século XXI de Juscelino Kubitschek - alguém com origens na tradicional Minas Gerais, mas jovem, moderno e dinâmico. No Estado, Aécio tem índices de popularidade altíssimos.

Álvaro Garnero






Quem é Alexandre Accioly



"Passei 38 anos correndo atrás e há dois estou curtindo a vida."
Alexandre Accioly

Nosso príncipe encantado resolveu promover uma grande festa. Não uma grande festa qualquer, mas "a melhor de que este país já ouviu falar", de acordo com sua própria imodéstia. Para sediá-la escolheu um castelo, aquela construção neogótica da Ilha Fiscal que outrora sediou o baile conhecido até hoje como O Último do Império. Diversamente do baile promovido pela corte do imperador dom Pedro II, a festa de nosso príncipe não será uma homenagem a tripulantes do navio de uma nação amiga. Não será também, pelo menos explicitamente, uma festa para buscar uma princesa consorte, como aquelas dos príncipes das fábulas. Nosso príncipe pretende apenas e tão-somente comemorar seu quadragésimo aniversário. "Estou vivendo um momento mágico", diz ele. "Passei 38 anos correndo atrás e há dois estou curtindo a vida." O nome de nosso príncipe é Alexandre Accioly Rocha, um self-made man que, talvez involuntariamente, juntou história e fábula quando resolveu festejar em grandessíssimo estilo seus 40 anos. "Vou ter meu castelo por uma noite, o meu império!!! Aqui vai reinar a alegria", comemora. As semelhanças entre a festa de Accioly e aquela em torno de dom Pedro e dos tripulantes do couraçado chileno Almirante Cochrane não se limitam ao local escolhido e ao luxo. Na noite de 9 de novembro de 1889, de acordo com a descrição de José Murilo de Carvalho no livro Teatro de Sombras, "em frente à Ilha Fiscal, uma banda da polícia em farda de gala tocava fandangos e lundus". Na noite de 13 de julho, os convidados serão recebidos por uma banda cover dos Beatles e um bar servindo cuba-libre e hi-fi, coquetéis típicos dos anos 60. Pois se aquele baile representou, soube-se depois, o fim dos tempos monárquicos, este comemora o esplendor de um novo-rico.



O estilo da festa: tapetes à Mondrian e móveis anos 60

A história de Alexandre Accioly começa em 1962. Ele nasceu no ano em que o Brasil ganhava sua segunda Copa do Mundo, os Beatles estouravam com Love Me Do e o mundo perdia Marilyn Monroe. Ainda não era um príncipe. Quarto filho de uma família de classe média do Leblon, criado pela mãe e pela avó, nunca estudou em escola particular, não fez curso de inglês nem cursou faculdade. Nem sequer tirou carteira de trabalho. Ele sempre sonhou alto. Muito alto. Queria ser rico, ter um Porsche e morar de frente para a praia. Conseguiu muito mais. Depois de vários negócios modestos e algumas experiências malsucedidas, o garotão de lábia incomum começou a criar sua galinha dos ovos de ouro quando montou, em 1992, a empresa que se tornaria a maior de telemarketing do país. O empreendimento começou com um fracasso. Sócio de um jornal de classificados de carros, experimentava modesto sucesso até o Plano Collor deixá-lo com uma dívida de 80.000 dólares e dezessete linhas de telefone. Descobriu então o significado da palavra telemarketing e seu novo negócio. "Como todo pequeno empreendedor, não tinha crédito. Para crescer, optei por sonegar impostos durante três anos. Depois, procurei o governo e paguei tudo", assume. A empresa chegou a ter 9.500 funcionários e ser a maior da América Latina. "Ele é um empresário competente, corajoso e com visão de mercado. Soube a hora certa de dividir para multiplicar", diz Joaquim Castro Neto, presidente do Unibanco, que se associou à empresa de Accioly dois anos antes da grande virada: a venda para a Telefônica de Espanha, em 1999, por estratosféricos 170 milhões de dólares.


O jovem ambicioso virou príncipe, um milionário, amigo de artistas, políticos, empresários e ricaços de berço. Circula de helicóptero, viaja quando quer e freqüenta os mais badalados eventos. Pode até realizar seu sonho. Fazer uma festa que rivalize com o baile imperial. Serão 700 convidados a mergulhar no clima dos anos 60, com direito a cenografia e iluminação especiais, show do grupo RPM com repertório também preparado especialmente para a festa, esquetes de Jorge Fernando e um balé com coreografias do musical Hair. É bem verdade que, quando começou a planejar a festa, os shows seriam de Barry White ou Rita Lee e Lulu Santos e os esquetes dos normais Fernanda Torres e Luiz Fernando Guimarães, mas tudo bem. Accioly chegou a sonhar estacionar um navio antigo ali na Ilha Fiscal. Terminou por aceitar que os barcos porventura ali ancorados, iluminados pelos domínios de sua festa, sirvam de cenário. O lugar vai virar "uma cesta de luzes no meio da escuridão tranqüila do mar". A descrição, mais que apropriada, é de Machado de Assis, está no livro Esaú e Jacó e refere-se àquele outro baile, o do Império. Com certeza, pouquíssimas vezes uma festa de aniversário particular mobilizou um aparato tão grande. Um staff de 450 pessoas estará de plantão. Garçons, seguranças e recepcionistas vestirão figurinos criados para o evento. Em torno do palacete, carros antigos e cinqüenta figurantes, alguns caracterizados como Marilyn Monroe e Elvis Presley, comporão o ambiente. Móveis e tapetes (estilo Mondrian) estão sendo confeccionados, 120 litros de uísque Red Label e 300 garrafas de champanhe francês Veuve Clicquot animarão os convidados.

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