terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Queremos empregos, não empregabilidade


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Um das principais sacadas do neoliberalismo é a questão da empregabilidade.

Apoiada num discurso desde os tempos de FHC, de que a culpa do desemprego é a falta de qualificação profissional dos trabalhadores, transferiu a responsabilidade pelo desemprego estrutural que vivemos ao desempregado, numa das formas mais cruéis e perversas de exclusão já inventadas: A auto-exclusão.

A auto-exclusão é quando você rezou de cor e salteado a cartilha e mesmo assim continua de fora do mercado de trabalho, então você começa a achar que a culpa não está no sistema, mas em você, que certamente fez algo errado, daí você fica paranóico, procurando chifre em cavalo e passa a aceitar qualquer coisa goela abaixo, afinal, você é um fracassado.

A empregabilidade tem diversas vantagens/sacanagens aos governos e exploradores do mercado;


Faz o otário investir do próprio salário para se qualificar para um serviço que a empresa lhe devia dar;
Ocupa o tempo de livre do empregado em preparar-se para continuar empregado, não sobrando, portanto, tempo para reivindicar melhor salário;

Fará com que o otário produza bem mais que o necessário, produção esta que, ao contrário da promoção com que sonha, só abrevia sua demissão;

Sempre haverá a desculpa de que está defasado, fora do mercado, então o trouxa volta a injetar as poucas economias que sobraram para tentar se requalificar e sempre chega atrasado.

Soluciona o problema dos governos que, em vez de gerar políticas que criem postos de trabalho e justiça social, transfere pro cidadão a culpa por ser um imprestável;

Cria um novo tipo de escravo: o escravo auto-vigiado, que paga para trabalhar e não foge, porque acredita piamente que é alforriado;

Divide iguais e os coloca para competir entre si, criando rivais onde haviam aliados, facilitando a exploração, pois em sua cegueira neoliberal, os empregados beijam a mão que os empurram cada vez pra mais baixo enquanto repulsam dar-se os braços e lutar juntos por condições mais justas de trabalho;


Por fim, escondem que o desemprego é ago inevitável , mesmo que todos fossem qualificados, o mercado não teria capacidade de absorve-los nem interesse, pois desemprego é sinônimo de salários mais baixos e trabalho precarizado.
Mas o que queremos e precisamos, é de emprego, dignidade.

Leis justas que distribuam a renda e limite as fortunas pessoais para que todos tenham o direito de trabalhar menos e usufruir mais.

Chega de sermos enrolados com desculpas que não agüentamos mais.
O que queremos é trabalho, trabalho pra todos, não conversa mole.

O mundo é farto o suficiente para saciar a todos, mas não a ganância de alguns poucos.

Portanto, parem de nos enrolar com empregabilidades e sonhos irrealizáveis, queremos igualdade:


Igualdade de condições, igualdade de opções, igualdade de acesso, senão ora dessas vamos todos cruzar os braços e ai vamos ver de fato quem será gado no estouro da boiada.

Jorge Saladino

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