domingo, 15 de março de 2009

ANTONIO TOZZI

BRASIL: O FUTURO CHEGOU?



A visita do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, ao presidente Barack Obama, neste final de semana, em Washington, serviu para ratificar a aproximação entre os dois países.

Claro que foi um encontro protocolar no qual os dois mandatários trocaram palavras de amabilidade e promessas de trabalhar em conjunto. Nenhum acordo foi assinado e nenhuma medida concreta foi tomada. No entanto, a reunião serviu para que o governo Obama sinalizasse a intenção de transformar o Brasil no principal interlocutor junto à América Latina, ao lado do México, ao receber Lula como o primeiro sul-americano na Casa Branca.

A análise faz todo sentido. Brasil e México são realmente as duas maiores potências econômicas da região. Portanto, merecem mesmo a deferência. O México é um caso à parte, por pertencer ao NAFTA (Associação de Livre Comércio da América do Norte) e por ser vizinho dos Estados Unidos, vivendo uma situação de maior proximidade – para o bem e para o mal.

Já o Brasil conquistou esse direito ao demonstrar ser um país que adotou a democracia política, é uma economia pujante, e tem território e população que causam impacto no cenário mundial. Além do mais, o país conseguiu controlar a inflação, eliminou a dívida externa (atualmente, é até mesmo credor de títulos do governo americano) e vem demonstrando uma abertura para o mundo, deixando de ser um país voltado para si e se inserindo no contexto internacional. Esta postura, iniciada no governo Fernando Henrique Cardoso, prosseguiu no governo Lula, transformando os dois presidentes como os que mais viajaram no exercício do mandato.

Do ponto de vista político, o Brasil também é uma excelente escolha. No continente, é o país que vem adotando uma política mais centrista. Nem tão à direita como Álvaro Uribe, da Colômbia, que se identificou em demasia com o governo Bush, e agora pode ser preterido em detrimento de outros países – a ala mais liberal do Partido Democrata hostiliza claramente o atual governo colombiano -, nem tão à esquerda como Hugo Chavez, Rafael Correa e Evo Morales, presidentes da Venezuela, Equador e Bolívia, que vêm adotando medidas equivocadas como governantes.

Chavez, por exemplo, deu ordem para que a Coca Cola FEMSA, distribuidora mexicana que controla a distribuição da Coca Cola em boa parte da América Latina, desocupasse um imóvel que serve como estacionamento de caminhões da empresa para entrega dos seus produtos, sob alegação de que o local abrigará um conjunto habitacional para população mais carente. Em troca cederia um terreno em outro lugar, mas é óbvio que se trata de um ato provocativo, até porque fica difícil imaginar que não haja em Caracas outra área onde se possa erguer um conjunto de prédios. Estas bravatas podem custar a saída de muitas empresas do país, agravando o desemprego, exatamente no momento em que a Venezuela vem perdendo muito dinheiro com a queda do barril do petróleo no mercado mundial.

Lula, por sua vez, consegue ser um sujeito afável com trânsito entre as diversas correntes políticas. Ele se dá bem com Chavez e os irmãos Castro de Cuba e tinha uma química muito boa com George W. Bush – ambos nunca esconderam a admiração mútua. Com Obama, pode ser que o relacionamento não seja tão afetuoso, até porque o novo presidente americano é mais formal e intelectual. Bush e Lula são do time de governantes mais espontâneos.

Entretanto, a amizade entre governantes é irrelevante, até porque Lula está deixando o governo no ano que vem. O que importa mesmo é os dois países entrem numa fase de relacionamento duradouro e de respeito para que os povos dos dois países possam ser beneficiados por este relacionamento. Afinal, Brasil e Estados Unidos sempre foram nações amigas e isto tem tudo para continuar. Só que agora, o Brasil já é visto com mais reverência no contexto mundial do que era há 30 anos.

Será que o Brasil finalmente deixou de ser o país do futuro para se tornar o país do presente?

Deve estar dando UMA DOR DE COTOVELO ENORME nas viúvas de FHC!!!

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