terça-feira, 10 de março de 2009

BISPO FAZ "HORA EXTRA" NA ARQUIDIOCESE


Religioso já deveria estar aposentado

SÃO PAULO - Sucessor de d. Hélder Câmara na Arquidiocese de Olinda e Recife, para onde foi transferido da Diocese de Paracatu (MG) em abril de 1985, d. José Cardoso Sobrinho já deveria estar aposentado, pois em 30 de junho do ano passado completou 75 anos, idade em que os bispos devem apresentar sua renúncia ao papa. O Vaticano costuma deixar passar meses e até anos para aceitar o pedido de renúncia, quando o bispo tem condições de continuar no posto.

Ele se tornou pivô de polêmica após declarar a excomunhão dos médicos que realizaram aborto em uma menina de 9 anos, de Alagoinha, interior de Pernambuco, grávida após ser estuprada pelo padrasto. O arcebispo também explicitou que a mãe da garota estava automaticamente excluída da Igreja por ter autorizado a interrupção da gravidez, de gêmeos.

No caso do Recife, a demora na escolha do sucessor de d. José Cardoso se explica pelo fato de se tratar de uma arquidiocese estratégica, para a qual não é fácil escolher o nome ideal. Quando d. José Cardoso foi nomeado para o lugar de d. Hélder, por exemplo, o cardeal Sebastiano Baggio, que havia sido núncio apostólico no Brasil e prefeito da Congregação para os Bispos, não gostou da escolha. "É o homem errado para o lugar errado", comentou o cardeal, segundo um ex-colaborador de d. Paulo Evaristo Arns.

Conservador de linha dura, d. José Cardoso entrou em choque com o clero logo após a posse, quando mandou fechar seminários que adotavam "métodos liberais" de formação.

Internet

O pároco de Alagoinha, padre Edson Rodrigues, divulgou pela internet um relato sobre o caso da menina, para mostrar, segundo ele, "o lado que a imprensa deixou de contar". O texto acusa o Instituto Médico Infantil de Pernambuco (Imip) de ter tratado o caso sem a necessária transparência, pois fez o aborto sem levar em consideração a opinião de especialistas que, ao examinarem a menina, concluíram que ela e os bebês poderiam ser salvos, se os médicos esperassem mais um mês.

O padre diz ter acompanhado o caso a convite do Conselho Tutelar de Alagoinha e defende d. José Cardoso Sobrinho, que agiu a pedido do bispo de Pesqueira, d. Francisco Biasin.

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