Em audiência nesta quinta (12) no Senado, o ministro da Justiça, Tarso Genro, refutou qualquer motivação política pelo fato de o governo brasileiro não ter concedido refúgio aos boxeadores cubanos Erislandy Lara e Guillermo Rigondeaux que abandonaram a delegação do seu país durante os Jogos Pan-Americanos, em 2007, no Rio de Janeiro. Amparados pelo Ministério Público Federal, os atletas foram convidados a permanecerem no Brasil caso estivessem sofrendo algum tipo de pressão.
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) comparou a ação do governo na deportação dos boxeadores cubanos ao caso da comunista Olga Benário que foi entregue aos nazistas pela ditadura de Getúlio Vargas. Este tipo de crítica vem sendo feita com frequência pelos parlamentares do DEM e do PSDB.
Em reposta, Tarso Genro disse que parte da imprensa brasileira não publicou, mas na época da deportação dos boxeadores o governo concedeu refúgio para diversos cubanos, inclusive quatro atletas que participaram dos Jogos Pan-Americanos. "Nós temos hoje aqui no Brasil 150 refugiados cubanos", revelou.
Genro lembrou que os boxeadores foram ouvidos pelo delegado da Polícia Federal, Felipe Laterça, a quem disseram que queriam voltar ao seu país. Cópias dos depoimento foram levados pelo ministro ao Senado. Além disso, Genro disse que os atletas foram amparados por um procurador da República e um advogado da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
O ministro afirmou que o delegado Laterça não pode ser acusado de cúmplice do regime cubano. "O procurador que conversou com eles disse: olha se vocês estão sofrendo algum tipo de pressão me digam que eu entro com habeas corpus e mantenho vocês aqui", lembrou.
Ministério contrariou embaixada
Para que não reste dúvidas de que a posição do governo é conceder refúgio quando solicitado, o ministro explicou que, no caso de quatro atletas do Pan-Americano, a embaixada cubana emitiu nota dizendo que eles estavam querendo subverter o prestígio da autoridade cubana no Brasil. "Bastou essa informação para verificar que eles eram adversários políticos do regime, nós demos o refúgio para eles."
Na opinião do ministro os jovens estavam frustados com "o empresário cubano que os deixou na mão". "Eles ficaram desabrigados numa praia, tinham companhia feminina e perderam, beberam o que tinham direito no Brasil, nossa boa cerveja certamente e ficaram desamparados. E aí eles procuraram um pescador, dono de uma venda, e pediram para voltar para a delegação", disse o ministro.
O ministro diz que o governo estaria cometendo um grave delito caso detivesse no Brasil os boxeadores contra a vontade deles. Revelou que se fosse os jovens solicitava o refúgio levando em conta as melhores oportunidades para a carreira.
"Eu não acho que Cuba seja um regime democrático. Há muitas décadas venho discutindo isso na própria esquerda brasileira. Agora tem normas de direito interno, as relações internacionais e tem também o aspecto humano (que devem ser levados em consideração)", argumentou Genro.
De Brasília,
Iram Alfaia
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