sábado, 7 de março de 2009

"Fogo amigo" começa a minar as pretensões de Aécio Neves


Rafael Gomes
ESPECIAL PARA O JORNAL "O TEMPO"

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), pode estar perdendo apoio para viabilizar sua candidatura à Presidência por seu partido. Tradicionais aliados do tucano deram declarações que podem indicar que ele estaria perdendo a queda de braço com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB).

Até o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), que teve no governador um dos principais apoiadores de sua candidatura, deu indícios de que pode mudar de lado até 2010. Durante discurso em solenidade na prefeitura que celebrou, antecipadamente, o Dia Internacional da Mulher, Lacerda citou algumas mulheres que foram importantes em sua vida particular e na sociedade brasileira, principalmente na resistência à ditadura militar.

O prefeito fez questão de citar a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, como um dos exemplos dessa luta. "Durante a militância política radical que tivemos na juventude, aquelas mulheres que se destacaram sempre foram muito fortes, muito destemidas, muito valorosas, nós temos aí o exemplo da ministra Dilma que, eventualmente, pode vir a ser a primeira presidente mulher do Brasil". A plateia, formada em sua maioria por representantes de centrais sindicais e de movimentos sociais, aplaudiu a declaração de Lacerda com entusiasmo.

Foi a primeira vez que o prefeito da capital faz alguma declaração mais firme em relação a um nome para a sucessão presidencial. Mesmo tendo sido lançado por Aécio Neves como candidato da aliança entre PT, PSDB e PSB, Lacerda jamais falou sobre a possibilidade de apoio ao tucano.

Fogo Amigo. Mas os "baldes de água fria" contra o mineiro vieram também de pessoas ligadas ao governador dentro do próprio partido. O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, José Aníbal (SP), disse acreditar que o partido vai fazer a indicação do candidato à Presidência sem votações primárias. "Tenho certeza que vamos chegar à convergência, sem prévias e com união", afirmou.

Aníbal foi outro que recebeu inteiro apoio de Aécio Neves, para ser eleito líder da bancada tucana. O deputado se encontrou anteontem com o governador em Belo Horizonte, quando admitiu a possibilidade de prévias, embora achasse cedo. Mas, ontem, ele mudou o tom e admitiu que José Serra é o favorito. "O governador de São Paulo está muito bem posicionado para ser nosso candidato. O governador de Minas quer se colocar, mas entendo que a situação favorece Serra", declarou o paulista.

Outro aliado no tucanato paulista, o ex-governador Geraldo Alckmin, criticou a antecipação do debate sobre as eleições, o que pode ser, também, uma ressalva às prévias defendidas por Aécio. "Nós estamos ainda a quase dois anos das eleições. Quando você antecipa a discussão sucessória, você encurta o governo", considerou Alckmin.

DEM prefere voo solo para a eleição ao governo de Minas

O Democratas decidiu ontem lançar candidatura própria ao governo de Minas em 2010. E mais, vai buscar o apoio do PSDB na nova empreitada. A decisão foi tomada durante reunião do diretório estadual da legenda com as bancadas da Assembleia Legislativa e da Câmara Federal.

O presidente do DEM em Minas, deputado federal Carlos Melles, disse que o partido terá candidato devido à representatividade que tem em Minas. Ele informou que vai buscar uma aliança com o PSDB, sem, porém, a obrigação de apoiar um nome ligado ao governador Aécio Neves (PSDB). "Ele não vai mais ser candidato e deixou em aberto a questão da candidatura", explicou o deputado.

Entre os nomes cotados para se candidatar pelo DEM está o do próprio Carlos Melles. (Amália Goulart)

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