O presidente nacional do Partido Popular Socialista (PPS), Roberto Freire, disse que a Polícia Federal está fazendo uso político das informações sobre crimes financeiros da Camargo Corrêa para atingir os partidos de oposição. Ele afirmou que o PPS não recebeu doações da construtora nas últimas eleições e disse que nunca aceitou doações de recursos não contabilizados. Segundo o partido, as doações são aceitas dentro de parâmetros legais e as contas são fiscalizadas pela justiça eleitoral.
- Existe recibo de tudo o que recebemos. Está tudo contabilizado. Nós não temos caixa 2. Esse é um problema que existe no PT e no governo. O partido não recebeu qualquer dinheiro da Camargo Corrêa e não temos nenhuma relação com isso. Não se pode levianamente levantar nada contra o partido. A Polícia Federal me parece irresponsável ao divulgar uma informação como essa. Não poderia divulgar uma gravação como se fosse verdade. Isso é irregular - disse Freire.
O presidente do PPS informou que irá responsabilizar criminal e civilmente os autores da acusação, que chamou de leviana. Segundo o Ministério Público, foram identificadas doações não-declaradas do grupo para pelo menos três partidos políticos. O deputado Rodrigo Maia, presidente nacional do Democratas (DEM), disse que o partido recebeu R$ 2,690 milhões da Camargo Corrêa nas últimas eleições, mas o repasse foi feito legalmente. Ele achou estranha a vinculação feita pela Polícia Federal dos financiamentos aos partidos políticos de oposição.
- Não há doação ilegal. Se a Camargo Corrêa está sendo investigada, se passou do limite de doação, isso nada tem a ver com o partido. Todas as doações foram oficiais. Todos os atos relativos às eleições foram feitos de acordo com as leis do país - disse Maia.
O secretário nacional de Finanças do Partido Socialista Brasileiro (PSB), deputado Márcio França, disse que pelo menos na esfera nacional o partido não recebeu verba da Camargo Corrêa nas eleições do ano passado. É preciso, no entanto, verificar se houve repasse em algum município. Segundo ele, os repasses são sempre legais e registrados nos Tribunais Regionais Eleitorais dos municípios.
- É muito difícil que empresas grandes como a Camargo Corrêa façam alguma doação por fora. A investigação tem que ser apurada. Precisamos ter os autos da PF em mãos para ver onde há depósitos. Os diretores da Camargo Corrêa falam com muita gente. Agora, isso não quer dizer que todos que conversaram com eles tenham feito algum negócio errado - afirmou.
O presidente do Partido Democrático Trabalhista (PDT), Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, disse que não tem conhecimento de repasse de verbas da Camargo Corrêa para o partido. Ele também achou estranho que a investigação esteja concentrada apenas em partidos de oposição.
De acordo com escutas feitas pela Polícia Federal, representantes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) intermediariam esquemas da Camargo Corrêa com os partidos. Em nota, a Fiesp informou que "é uma entidade apolítica, independente, voltada aos interesses coletivos da indústria paulista e da sociedade brasileira". De acordo com o comunicado, a Fiesp não se envolve, de maneira alguma, em eventuais relações entre empresas do setor que representa e partidos políticos ou candidatos deles. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo disse ainda que não teme qualquer investigação, acompanha os fatos com o mesmo interesse da sociedade e está confiante no trabalho da Justiça.
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