O cartaz no qual aparece um cachorro com um osso na boca e com a frase "Desaparecidos do Araguaia, quem PROCURA OSSO é cachorro", afixado na porta do gabinete do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), "por mais desqualificada que seja a manifestação, não pode deixar de ser repelida." A avaliação é do presidente da Comissão de Anistia e líder do PCdoB na Câmara, deputado Daniel Almeida (BA). Ele anunciou a elaboração de uma representação por quebra de decoro parlamentar contra Bolsonaro.
Atitude fere Conveção de Genebra e respeito aos mortos
"É o cúmulo da falta de respeito a todos nós, brasileiros", manifestou-se o diretor de Comunicação Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo, Delson Plácido, em carta enviada ao Presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP).
A atitude de Bolsonaro, ex-militar e conhecido como saudosista da ditadura militar, "é explicitamente contrária à norma jurídica de respeito ao indivíduo", avalia o líder comunista, avisando que a Liderança do Partido está fundamentando regimentalmente a ação, precisando que norma legal está sendo ferida. Mas ele adianta que "não precisa ser especialista em direitos humanos e penais para verificar que a manifestação é incompatível com a democracia."
Para a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), o respeito aos mortos é um pressuposto humanitário, não apenas um compromisso regulamentado pela Convenção de Genebra. A Convenção de Genebra define os direitos e os deveres de pessoas, combatentes ou não, em tempo de guerra. Ela diz que o sentimento de quem passa em frente ao gabinete de Bolsonaro e se depara com o cartaz é de "absoluta indignação".
Ela, a exemplo do colega de legenda, apesar de considerar a atitude uma "ignomínia", apenas para conseguir voto, não pode ficar sem resposta. "Não podemos deixar que essa insanidade humana se realize na Casa que representa a democracia e sobretudo uma construção progressista do País", explica a parlamentar. "Nenhum dos que morreram pela liberdade merece o silêncio."
Desrespeito aos familiares
O Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo manifestou sentimento de "irritação e indignação" com a atitude de Bolsonaro, que define como "provocações e falta de ética", incompatíveis com o mandato. Por isso, pedem, em correspondência ao Presidente da Câmara, a cassação do mandato por falta de decoro parlamentar.
"As provocações de Jair Bolsonaro representam uma falta de respeito aos familiares dos mortos e desaparecidos e a todos os que lutaram e tombaram durante o regime nazimilitarista em nosso país", diz a carta do Grupo, lamentando que "as provocações desse aprendiz de nazista ocorram, exatamente, quando aumentam as pressões dos movimentos sociais e órgãos internacionais para a abertura dos arquivos secretos das forças armadas e punição dos torturadores, por uma verdadeira Anistia, sem a qual jamais teremos um Estado Democrático de Direito em nosso país."
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