terça-feira, 7 de julho de 2009

Armação tucana no Senado

O Senado da República é o último bastião onde a oposição neoliberal e privatista tem peso significativo: lá, o DEM (ex-PFL), que míngua de eleição para eleição, ainda tem 14 mandatos e é a segunda maior bancada. Em terceiro lugar fica o PSDB, com 13.

Isto talvez ajude a entender os sucessivos escândalos que a oposição conservadora tem agitado por lá. Antes foram os ataques contra o senador Renan Calheiros, em 2007, que resultaram em seu afastamento da presidência da Casa. Agora as acusações, generalizadas, focam o atual presidente, José Sarney, mas também envolvem o campeão denunciatório, o tucano amazonense Arthur Virgílio. Calheiros e Sarney são senadores do PMDB, que tem a maior bancada, com 19 mandatos. E fazem parte da ala peemedebista aliada do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Qualquer campanha de difamação, para funcionar, precisa ter uma parte de verdade. Enquanto não for feita uma reforma política democrática, velhos problemas da política nacional continuarão existindo. Referindo-se à crise atual, o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) quer ''austeridade'' e ''transparência máxima'' para as atividades do Senado, além de profissionalização de sua administração e a aprovação, pelo plenário, do diretor geral da Casa, além de fixar um tempo para seu mandato, que poderia ser de dois anos.

São medidas moralizadoras necessárias. Mas não eliminam outra consideração: a de que o objetivo da campanha da oposição tem pouco a ver com questões morais ou éticas, e mais - muito mais - com o apoio político do PMDB ao presidente Lula, e que ameaça os planos tucanos e dos ''democratas'' para a eleição de 2010.

O que está em jogo não são os eventuais desvios administrativos do Senado - que, como Inácio Arruda indica, precisam ser corrigidos - mas um projeto político para o Brasil. E os tucanos querem emplacar o seu, cujos maus resultados os brasileiros já viveram sob Fernando Henrique Cardoso.

É preciso ressaltar - e denunciar - que os responsáveis pela atual crise são os mesmos interessados em voltar para a mesma agenda negativa para o país, a agenda privatista, antipopular e antinacional que já aplicaram quando estiveram à frente do governo, entre 1995 e 2002. O lance anterior de seu jogo foi a tentativa de enxovalhar a maior empresa da América do Sul e uma das mais respeitadas do mundo, a Petrobras, com a criação de uma CPI que nem um fato determinado tem para ser constituída.

O objetivo da histeria tucana é rachar a aliança entre o PMDB, Lula e o PT; este é seu sonho dourado. Daí a armação disfarçada de campanha moralizadora. Compreender o caráter desta articulação golpista é fundamental para a base política do Governo, especialmente o Partido dos Trabalhadores, que tem a quarta maior bancada, com 12 senadores, e que não pode colocar em risco uma aliança que fortalece uma candidatura capaz de dar continuidade ao projeto político que hoje está à frente do governo brasileiro.

Editorial do VERMELHO

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