segunda-feira, 3 de agosto de 2009

SENADOR MALUQUINHO vai ao CNJ contra juiz que impediu 'Estadão' de atacar Sarney


O senador MALUQUINHO, Arthur Virgílio (PSDB-AM) entrou na tarde desta segunda-feira, no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com uma representação contra o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal.


Na última sexta-feira, decisão do juiz proibiu a publicação de reportagens no jornal "O Estado de S. Paulo" com informações da Operação Boi Barrica, da Polícia Federal. As investigações atingem o empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney (PMDB-AP), presidente do Senado.

Segundo MALUQUINHO, o juiz foi consultor jurídico da gráfica do Senado na década de 90 e teria efetivado 82 estagiários sem concurso público. Além disso, Dácio Vieira foi padrinho de casamento da filha do ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, responsável pela indústria


É preciso que a ação dele como desembargador e a sua isenção sejam questionadas pelo CNJ





- É preciso que a ação dele como desembargador e a sua isenção sejam questionadas pelo CNJ. É uma atitude absurda na democracia. Essas conexões dão à assessoria jurídica (do Senado) embasamento suficiente para ir ao CNJ - disse Virgílio.

Jornal recorre contra censura

Os advogados do jornal, por sua vez, também entram com recurso, nesta segunda, no Tribunal de Justiça do Distrito Federal para tentar cassar a liminar. O jornalista Roberto Gazzi, editor-chefe do "Estadão", considerou estranho que o pedido tenha partido de uma pessoa ligada a meios de comunicação que, em tese, defendem a liberdade de expressão. Fernando é superintendente do Sistema Mirante de Comunicação, que pertence à família Sarney:

- Causa estranheza porque censura é um princípio que contraria a Constituição.


As acusações de que reativou a censura prévia ao pedir a Justiça a proibição da divulgação de dados sigilosos da operação da PF, mexeram com os brios de Sarney, mais do que qualquer outra denúncia tornada pública nas últimas semanas. Zeloso da imagem de tolerante e, principalmente, da marca de "presidente da transição democrática", um dos pontos altos de sua biografia, Sarney não gostou de ver seu nome relacionado a um instrumento típico da ditadura militar.

Sarney ficou ainda mais irritado porque, segundo ele, é falsa a informação de que pediu ou endossou a decisão de Eduardo Ferrão, advogado do filho, de limitar o noticiário sobre a operação.

- O presidente está indignado. E ele não pode ser responsabilizado pela estratégia da defesa do filho. O advogado não conversou com ele sobre isso. Responsabilizar alguém por atos de uma outra pessoa é fascismo - afirmou Antônio Carlos de Almeida Castro, um dos advogados de Sarney.


Em nota divulgada nesta segunda-feira, Sarney declarou que nada teve a ver com a decisão judicial. Segundo ele, desta vez foi do filho a iniciativa de buscar a saída jurídica para se proteger de "cruel e violenta campanha infamante" por parte do jornal.


Segundo o advogado do "Estadão", Manuel Alceu Afonso Ferreira, o jornal recorrerá em defesa da liberdade de imprensa.


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