quarta-feira, 2 de setembro de 2009

"O governo Serra mantém a mesma relação com a Alstom"

Desvendada a rota do propinoduto da Alstom para tucanos

Em longa reportagem de Carta Capital desta semana (02.09), o jornalista Gilberto Nascimento traz o rastreamento mais completo já feito sobre o propinoduto alimentado pela Alstom - às vezes, associada a Siemens - para manter o esquema de corrupção que de 1998 até agora, segundo as denúncias, paga suborno a políticos do PSDB e a autoridades do governo tucano paulista.

Aos que imaginavam que as relações dessas multis com o tucanato paulista cessou anos atrás, quando surgiram as primeiras denúncias, a revista mostra o contrário. "O governo Serra mantém a mesma relação com a Alstom", assinala Carta Capital para, em outro ponto, mostrar o levantamento a que chegou.

"Os recursos destinados à Alstom - mostra o rastreamento - aumentaram entre os governos tucanos de Alckmin e Serra. Houve uma elevação no valor dos contratos de 34,5%. Na gestão de Alckmin, entre 2001 e 2006, eles totalizaram R$ 3,1 bilhões. Nos dois anos e meio de Serra, R$ 2,08 bilhões. Por mês, Alckmin destinou à empresa R$ 51 milhões e Serra, R$ 69,5 milhões."

Pior, assinala o deputado estadual Roberto Felício do PT de São Paulo: “O governo (paulista) continua utilizando os mesmos contratos com aditivos e não fazendo novas licitações. Fizeram aditivos com valores muito diferentes dos originais, com os contratos de até cinco anos que não poderiam ser prorrogados”.

O levantamento de Carta Capital fundamenta-se em documento repassado ao Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo por alto funcionário da Alstom, cujo nome não é revelado. O relatório faz menção também a pagamentos para políticos de Brasília, governada pelo DEM; e da Bahia que até 2006 foi administrada por longo período por políticos também desse partido.

Lobistas traziam o dinheiro até SP

O mapeamento de Carta Capital aponta que a chegada do dinheiro a SP envolvia serviços dos lobistas Arthur Gomes Teixeira e Sérgio Meira Teixeira, donos da Procint Projetos e Consultoria Internacional e da Constech Assessoria e Consultoria Internacional, apontadas pelo informante do MPF-SP como responsáveis pelas offshore Leraway Consulting S/A e Gantown Consulting S/A, última escala no Uruguais do suborno antes de chegar a São Paulo. A revista localizou os dois, mas eles não deram retorno.

A propina, conforme foi informado ao MPF-SP e reproduzido pela revista, era repassado "a políticos e diretores de empresas públicas, por meio de notas frias, como um suposto pagamento a serviços de consultoria." Desde 2008 a Alstom é investigadas na Europa (e também a Siemens, na Alemanha) por esses pagamentos suspeitos que chegariam a US$ 2 bi, em vários países.

No Brasil, dentre outras, haveria irregularidades dessa natureza nos projetos da linha 5 - Capão Redondo, do metrô de São Paulo; na entrega de trens alemães para o governo do Estado; em contratos com uma empresa de energia paulista; e em outro contrato com o metrô de Brasília.

Em São Paulo, o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Robson Marinho, "é suspeito de ter ajudado a Alstom a conseguir um contrato de R$ 100 milhões em 1998, pouco depois de deixar a Casa Civil do governo Mário Covas", lembra Carta Capital. O MP da Suíça bloqueou uma conta com cerca de US$ 1 milhão que lhe é atribuída, mas ele nega ser o titular da conta.

A imprensa já levantou praticamente tudo, do roteiro do propinoduto aos beneficiários, mas o governo Serra não só mantém as mesmas relações com as empresas como impede qualquer CPI ou apuração no âmbito da administração estadual.

Veja a reportagem completa no site da Carta Capital.
http://www.cartacapital.com.br

Fonte: Blog do Dirceu

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