O governo de São Paulo precisa ficar atento: há um esforço coordenado de alguns setores — com a colaboração do subjornalismo de sempre, mas também de fatias ditas respeitáveis da imprensa — para caracterizar a segurança pública do estado como ineficiente, quem sabe fora de controle. Seja cumprindo uma reintegração de posse de um terreno — a PM, nesse caso, obedece a uma ordem judicial; é obrigada a fazê-lo —, seja reprimindo os que põem em risco as próprias comunidades em nome das quais dizem protestar (como os incendiários de ontem), a polícia tem sido hostilizada, recebida com paus, pedras, incêndios… Que os 21 detidos desta madrugada passem por um rigoroso escrutínio: estão a serviço dos que querem fabricar “mártires do povo”.
E setores da imprensa, por ingenuidade, ideologia ou burrice mesmo, fazem alegremente o trabalho sujo. Ontem, a desordem obviamente organizada e patrocinada era chamada de “protesto”. Dizia-se que a polícia estava “ocupando” a favela, como se aquele fosse um território estrangeiro.
Há pelo menos mais 23 estados brasileiros em que há mais mortos po 100 mil habitants do que São Paulo. No entanto, jornalistas que se querem responsáveis vão à rádio anunciar uma segurança pública fora de controle, o que é uma piada. A guerra civil não-declarada mata no Brasil uma média de 50 mil pessoas por ano — 26,31 pessoas por 100 mil habitantes (população estimada de 190 milhões). Se a média nacional fosse a de São Paulo, os mortos seriam 20.444 pessoas — 29.556 pessoas deixariam de morrer por ano.
O esforço de criar factóides de alcance eleitoral tem várias frentes. E noto para encerrar: enquanto houver uma emissora de televisão transmitindo ao vivo, com grande estardalhaço, os atos de vandalismo, naquele estilo da reportagem resfolegante, chamando atos criminosos dos bandidos de “protesto de moradores”, os moradores de verdade continuarão acuados em suas casas, e os bandidos continuarão a botar fogo no circo. Ora, eles se vêem na TV, como se protagonizassem um filme.
O problema é que certa prática erroneamente chamada de “jornalismo” é só extensão daquele banditismo que incendeia ônibus e viaturas da PM e dos bombeiros".
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