quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Tucano aliado de Serra admite: "Não se iluda com Ibope"

Em reportagem do jornal Valor Econômico <http://blogdofavre.ig.com.br/2009/09/lider-nas-pesquisas-para-o-governo-alckmin-isola-se-no-psdb/> , publicada na segunda-feira (28), o tucano Ricardo Montoro (PSDB) admite que os números do Ibope, a um ano das eleições, não significam muita coisa em relação aos resultados eleitorais que virão. "Não se iluda com Ibope. Ibope é nível de conhecimento, não é voto definido. Quem acha diferente disso não entende de política", disse Montoro.
O dirigente tucano fez esta afirmação ao comentar os índices de intenção de voto do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) para a disputa estadual de 2010 em São Paulo. Montoro, que é aliado do governador José Serra e secretário municipal de Participação e Parceria da prefeitura de São Paulo, é contra a candidatura Alckmin e desdenha dos quase 50% que o ex-governador tem nas pesquisas de intenção de voto. Para Montoro, Alckmin só tem esse alto patamar nas pesquisas por que já é um político conhecido do eleitorado paulista, ao contrário do chefe da Casa Civil de Serra, Aloysio Nunes Ferreira, que não passa de 3% nas pesquisas encomendadas pelos tucanos, mas mesmo assim é o nome no qual Serra e boa parte do tucanato paulista aposta.

A mesma lógica que Montoro usa para desqualificar Alckmin serve, também, para desqualificar os 34% que Serra apresenta na última pesquisa CNI/Ibope. Segundo o Ibope, dependendo do cenário, as intenções de voto em Serra variam de 34 a 35%. Mas o tucano é o candidato mais conhecido do eleitorado: 66% dos entrevistados pelo Ibope disseram conhecer Serra, enquanto apenas 32% disseram conhecer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à sucessão de Lula.

Usando a lógica de Montoro, Serra só chega a 35% porque já é muito conhecido do eleitor brasileiro. Dilma, ao ser conhecida por apenas 32% dos eleitores, ainda teria uma ampla parcela do eleitorado para conquistar.

Pesquisa contestada

Mas não é apenas pela assertiva de Montoro que os números do Ibope devem ser vistos com cautela. Alguns observadores atentos da cena política colocam a própria credibilidade da pesquisa em xeque. Como fez o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu. Em seu blog, Dirceu afirmou que desconfia dos índices de rejeição alcançados por Dilma Rousseff (PT) na última pesquisa CNI/Ibope. A ministra da Casa Civil chegou a somar 40% de reprovação dos entrevistados, índice mais alto.

Para Dirceu, se o governo federal tem boa aceitação e o presidente Lula ultrapassa os 50% de popularidade, não há motivos para a petista ser refutada de forma tão expressiva. "Pesquisa é fotografia de momento. Essa pesquisa eu coloco em dúvida. Toda ela", disse.

Na blogosfera, também é bastante expressivo o número de internautas que questionam a pesquisa argumentando que se Dilma é conhecida por apenas 32% dos pesquisados, como poderia ter 40% de rejeição.

O Ibope explica que candidatos pouco conhecidos tendem a ser mais rejeitados. Mas não explica uma outra indagação, feita pelo jornalista Luís Nassif, que levantou uma questão pertinente: Por que o Ibope não testou nenhum cenário em que Serra disputa com apenas um candidato governista?. Na opinião de Nassif, esta opção do Ibope, de dividir os votos governistas, foi uma estratégia do instituto para preservar o candidato tucano.

Serra está preocupado

Seja como for, o fato é que a pesquisa Ibope deixou os serristas preocupados. Segundo a colunista da Folha, Mônica Bérgamo, o governador de São Paulo convocou às pressas especialistas em pesquisa, do próprio Ibope, para entender sua queda na sondagem divulgada na semana passada pelo instituto.

Segundo a coluna, o tucano foi surpreendido pelos números. A comparação entre a pesquisa de agora e os números divulgados pela mesma CNI em junho mostra que Serra caiu de 38% para 34%.

A coluna informa que os técnicos e o governador, no entanto, trabalham com um número maior, já que comparam os dados com o de outra sondagem do Ibope, mais recente, feita entre 29 de agosto e 1º de setembro por encomenda do PMDB. Nela, Serra aparecia com 41%, Dilma com 13%, Ciro Gomes (PSB) com 14%, Heloísa Helena (PSOL) com 9% e Marina Silva (PV) com 3%. Em relação aos números divulgados ontem, portanto, Serra caiu sete pontos, Dilma, Ciro e Heloísa Helena se mantiveram no mesmo patamar e Marina Silva dobrou de tamanho, para 6%.

A direção do PSDB também está aflita e pediu pressa na definição da candidatura tucana. O governador Aécio Neves, pelo menos para consumo externo, ainda briga pela vaga de titular na chapa presidencial da oposição de direita (PSDB-DEM-PPS) em 2010.

Cláudio Gonzalez

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