segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NO "OPALPITEIRO"

O filho de FHC é uma questão privada?

No ano 2000 Fernando Henrique Cardoso ainda era presidente da República. O Real já tinha desvalorizado frente ao dólar, o risco de falta de energia era alto, a inflação sob um controle duvidoso, o desemprego considerável e a economia com baixo crescimento. Ou seja, a maré não estava nada boa para seu governo.

No mesmo ano 2000, em abril, a Revista Caros Amigos deu na primeira página a notícia de um filho não reconhecido por FHC. O mais interessante na reportagem não era a questão pessoal. Afinal de contas, tratava-se de um assunto de foro íntimo e não dizia respeito necessariamente ao grande público. O teor da reportagem foi muito mais sério: por que a imprensa brasileira evitava tocar no assunto? Defesa da democracia? Do Estado? Da pessoa de FHC? Da família dele e do filho não reconhecido?

Muitos anos se passaram e o palpiteiro leu hoje no blog do Nassif que FHC vai finalmente reconhecer o filho que teve fora do casamento com Ruth Cardoso. Até aí, nada demais. Qual homem não tomaria uma decisão dessas, nas mesmas circunstâncias? Não cabe aqui julgamento sobre essa decisão.

Mas o problema não é esse. FHC não é um homem qualquer, é ex-presidente. A mãe de seu filho também não é uma mulher comum. Trata-se de Miriam Dutra, ex-repórter da Rede Globo.

Segundo o que se sabe pela imprensa em notas de pé-de-página, quase escondidas, quando FHC decidiu se tornar candidato a presidente em 1993, resolveu tirar Míriam Dutra de circulação. Míriam foi transferida pela Rede Globo para trabalhos em Portugal e Espanha.

FHC ganhou a eleição em 1994, assumiu em 1995. Foi reeleito em 1998 e deixou a presidência em 1 de janeiro de 2003. E pouco se falou de seu filho não reconhecido. Recentemente Renan Calheiros foi envolvido em situação parecida. A denúncia era a de que um empreiteiro pagava a pensão de um filho seu fora do casamento, em troca de negócios com recursos públicos. Renan Calheiros teve um caso extra-conjugal com uma ex-jornalista da Globo do Distrito Federal. (A relações da Globo com políticos talvez estejam indo longe demais...)

Renan foi primeira página da Veja, Folha, Estadão e demais órgãos tucanos da mídia. Naquele momento interessava destruí-lo. FHC nunca passou por essa dor de cabeça.

Questões nada pessoais são cabíveis nesse caso: por que a Rede Globo de Televisão foi tão generosa com FHC e Míriam Dutra? Quantos anúncios da Petrobrás, Banco do Brasil e Correios foram colocados no horário nobre da Globo na mesma época em que FHC era presidente e Míriam moradora na Espanha?

Por que a Espanha? A bela Espanha de castelos medievais, igrejas lindas com ouro e prata saqueados da América do Sul. A Espanha de Pablo Picasso ou de Franco? A Espanha da Telefônica, do Grupo Santander, empresas que adquiriram a Telesp e o Banespa quando FHC era presidente e o PSDB governo de SP.

A mesma Espanha do Grupo Santilana, aquela editora que publica livros didáticos vendidos para escolas públicas. O Governo de Serra, que tem Paulo Renato Souza como secretário da Educação. E que é sócio de uma empresa que prestou consultoria para o grupo Santilana...

É por isso que o caso do filho não reconhecido de FHC é delicado. Visto pela ótica privada não cabe nenhuma palavra. Visto pela possibilidade de um emaranhado de relações entre empresas espanholas, Rede Globo e políticos que decidiram por negócios com essas empresas, fica um caso muito mais interessante. E digno de publicidade.

Se FHC reconheceu ou não o caso que teve com uma ex-repórter da Globo é um problema dele. Se esse filho e essa ex-repórter foram mantidos com recursos de origem duvidosa por tanto tempo é um problema público. E se a imprensa tucana não ousa tocar no assunto com destaque, é azar de Renan...

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