Entrevista José Roberto Arruda
Ele deu a volta por cima
Depois de amargar uma imensa rejeição provocada por
medidas de austeridade, o governador do Distrito Federal
diz que é possível ser popular sem ceder às tentações do populismo
Otávio Cabral
Ana Araujo | "É muito fácil governar sem contrariar nenhum interesse. Você não constrói nada novo, mas todo mundo te ama" |
Há oito anos, José Roberto Arruda chegou ao fundo do poço político. Então líder do governo Fernando Henrique no Senado, foi flagrado no escândalo da quebra do sigilo do painel de votações e renunciou ao mandato. Em 2002, elegeu-se deputado federal e, logo depois, governador do Distrito Federal. Numa cidade acostumada a conviver com exibições grotescas de todo tipo de privilégio e desperdício de dinheiro público, o governador chegou pela contramão. Demitiu funcionários, pôs as contas em ordem, tirou camelôs e vans irregulares das ruas, enfrentou grevistas e freou um processo histórico de invasão de terras públicas. O resultado imediato e previsível: sua popularidade foi ao chão. Três anos depois, porém, Brasília dá mostras de que popularidade e populismo podem andar separados. Na última terça-feira, comemorando o resultado de uma pesquisa que atribui 74% de aprovação a seu governo, Arruda recebeu VEJA na residência oficial para a seguinte entrevista.
Seu partido, o DEM, apoiou a eleição de José Sarney e depois pediu a saída dele da presidência do Senado. O senhor acha que Sarney ainda tem condições de presidir a Casa? O problema do Senado é maior do que essa discussão pontual, personificada, da notícia do jornal de hoje. O modelo político criado pela Constituição de 1988 foi importante porque permitiu a estabilidade política e preservou a democracia por duas décadas, mas está dando sinais claros de fadiga. Se não for feita uma reforma política séria, que traga estabilidade às casas legislativas, o país pode ficar ingovernável e, sem dúvida, continuará sendo pautado por escândalos.
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