Para a Folha, pobres, Sul e estiagem levantaram Serra
Consegui ler a matéria da Folha, na edição para assinantes, sobre a pesquisa Datafolha. As justificativas para a recuperação de Serra e a “parada” de Dilma são as seguintes:
Eleitorado do Sul do país: “No Sul, que concentra 14% dos eleitores do país, Serra subiu dez pontos percentuais, de 38% para 48%. Dilma, que fez carreira política no Rio Grande do Sul, não se consolidou ainda entre os gaúchos e registrou uma queda de 24% para 20%. Os 28 pontos percentuais de diferença no Sul são a maior dianteira de Serra sobre Dilma no aspecto geográfico das intenções de voto do Datafolha.”
Os pobres: “Entre os eleitores que ganham até dois salários mínimos (R$ 1.020), ou 52% da amostra do Datafolha, Serra subiu de 30% para 35%. Dilma oscilou de 29% para 26% -apesar de um dos principais programas do governo Lula ser o Bolsa Família, que beneficia a população de baixa renda.
As mulheres: “Serra aumentou sua vantagem no eleitorado feminino. Em fevereiro, o tucano já liderava (33% a 24%). Agora, tem 15 pontos a mais (37% a 22%).”
Em outra matéria, o diretor do Datafolha, Mauro Paulino, aponta as razões para Serra ter crescido: “As entrevistas do atual levantamento foram efetuadas após Serra admitir sua candidatura na TV, em programa popular transmitido para todo o Brasil. No último mês as chuvas diminuíram em São Paulo e, em consequência, a exposição negativa do governo Serra. Isso o ajudou a reverter o desgaste, crescendo significativamente no sul do país e recuperando-se entre os menos escolarizados e com menor renda, onde o prestígio e o potencial de crescimento de Dilma continuam fortes.”
Acho pueris estas explicações. Nos dias da coleta dos dados, São Paulo estava inundada (quinta) ou sob alerta de temporal (sexta). E se a entrevista ao José Luís Datena tivesse esse enorme peso nacional, creio que o próprio Datena deveria se lançar candidato.
Seria mais interessante se o diretor do Datafolha explicasse a razão de suas pesquisas terem uma espécie de “amostra-sanfona” que se amplia ou se encolhe a cada edição, como registrei no post anterior.
Interessante é também o relato que faz o jornalista Fernando Rodrigues sobre a resposta espontânea dos eleitores:
“As curvas da pesquisa espontânea, quando o entrevistado diz em quem deseja votar sem ver uma lista de nomes, têm uma evolução discrepante do levantamento estimulado.
Diferentemente do que ocorreu na pesquisa em que o eleitor vê seu nome, em que está estabilizada, Dilma continuou sua curva ascendente no levantamento espontâneo. Tinha 8% em dezembro, passou a 10% em fevereiro e agora chegou a 12%.
Esse percentual a coloca à frente de Luiz Inácio Lula da Silva (8%), que, até dezembro, liderava com folga a pesquisa espontânea. Isso mostra que a cada pesquisa o eleitor deixa de citar o nome do atual presidente porque vai percebendo que o petista não será candidato.Serra pontuou 8%, o mesmo percentual de dezembro.”
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