terça-feira, 29 de junho de 2010

Marina Silva: cara de avançada mas aliada da direita

Além de confirmar aquilo que pesquisas anteriores, de outros institutos, já indicavam - a dianteira de Dilma Rousseff sobre o candidato da oposição, José Serra - a pesquisa CNI/Ibope divulgada dia 24 traz outro dado inquietante para os tucanos: se a candidata Marina Silva (PV) continuar estagnada na casa dos nove pontos percentuais (isto significa que, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais, seu piso ainda menor, baixando para sete pontos) a eleição será decidida já no primeiro turno, com a vitória da candidata do governo e da esquerda, Dilma Rousseff.

Esta opinião, emitida pelo comentarista João Bosco Rabello, de O Estado de S. Paulo no próprio dia da divulgação da pesquisa, é até agora a melhor indicação do sentido da candidatura de Marina Silva e do senhor ao qual ela serve. E explica o "encantamento" da mídia conservadora com esta candidata louvada, nas páginas de jornais e revistas que não disfarçam seu apoio ao candidato tucano, justamente por sua "origem pobre", por ser mulher, negra, ambientalista e outras qualificações que vão se sucedendo para manter seu nome à tona.

O papel de Marina Silva, repetindo o de Heloisa Helena em 2006, é o de empurrar a eleição para o segundo turno e tirar votos de Dilma Rousseff, aplainando o caminho para a volta dos tucanos, neoliberais e conservadores ao Palácio do Planalto.

Não vai ser fácil. Até porque a campanha ainda nem começou na televisão, que é o meio pela qual ela chega às multidões. E lá, à medida em que Marina for alinhando os mesmos argumentos que vem desfiando pela mídia, seu papel de força auxiliar da direita ficará claro.

Ela tem opiniões anti-desenvolvimentistas. Basta conferir o que ela tem dito. Ela tem, por exemplo, uma opinião conservadora sobre a política do BNDES de financiar o fortalecimento das empresas brasileiras com empréstimos a juros baixos, esquecendo que este é justamente o papel de um banco de fomento do desenvolvimento . Ataca as mudanças propostas para o Código Florestal a partir dos argumentos dos ambientalistas mais radicais considera aquela proposta como "o maior retrocesso na história da legislação ambiental brasileira".

 

Ela diz que a defesa ambiental "é o grande debate do século XXI" mas falseia o verdadeiro grande tema, que é a combinação sustentável de desenvolvimento e preservação da natureza. Apega-se à teoria de que o avanço da economia pode acabar com o planeta. Entra em contradição ao defender o biocombustível com alternativa energética, quando esta opção é atacada por muitos ambientalistas por fortalecer a monocultura de cana e comprometer a produção de alimentos. Entra em contradição também quando se manifesta contra a criação de escolas técnicas ("boa parte dos alunos não quer ir para essas escolas", disse para a revista Veja) mas defende o ensino profissionalizante como parte de "um plano concreto de saída do programa" Bolsa Família, defende o estado mínimo e rotula os políticos de "fisiológicos", declarações que soam como música em ouvidos conservadores.

Será uma engenharia de marketing difícil para Marina apresentar-se como progressista e avançada, marcada com a sombra dos tucanos e do atraso e não com o brilho do futuro. A difusão desse discurso, alheio a um projeto nacional de desenvolvimento, vai derrubar o biombo que tenta esconder o caráter de sua candidatura, e revelar a candidata do Partido Verde como aliada objetiva do conservadorismo representado pelo candidato oposicionista José Serra, e não um apelo ao futuro que conserve os ganhos do governo Lula e avance numa rota de desenvolvimento mais profundo e benéfico para os brasileiros.

 

www.vermelho.org.br

 

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