Tucano é apresentado como homem de bem com a vida, mas faltou emoção
PLÍNIO FRAGA
da FSP
Na primeira frase do programa tucano de ontem -que deveria, como prevê a lei, ser de divulgação partidária, mas foi de indisfarçável propaganda eleitoral, como todos os partidos têm feito até aqui-, José Serra afirma que o Bolsa Família deve ser "ampliado e fortalecido".
Tentou assim se vacinar contra o discurso de que uma vitória sua poderia significar a extinção de um programa que beneficia 11 milhões de famílias -mais de 30 milhões de eleitores.
Dono de um terço dos votos dos que aprovam o presidente Lula, Serra sabe que cada ponto percentual nesse estrato mina diretamente a candidatura petista.
Apresentar-se como um continuador melhorado do atual presidente é a maneira de tentar ir em frente, diferenciando-se timidamente, mas sem perder esse cabedal de votos.
Para demarcar Serra como melhor gestor, com mais experiência e melhor currículo, o programa tucano recorreu por três vezes à expressão "Serra fez", que despertará incômoda lembrança no eleitor paulistano maduro por repetir o malfadado "Foi Maluf que fez", criado para a campanha do pepista por Duda Mendonça em 1998.
Sem mencionar adversários, os tucanos reafirmam a tática de confronto de currículo. Do total do programa, 45% foi voltado para questões da saúde, quesito em que as ações do governo são mal avaliadas e no qual o ex-ministro tem bandeiras reconhecidas, como a política de genéricos e a distribuição gratuita de coquetéis para combater a Aids.
Para estancar a perda de intenção de votos que sofreu entre março e maio, o tucano precisa recuperar força entre o eleitorado do Nordeste e do Norte/Centro-Oeste -onde está sendo derrotado por Dilma por diferença de nove e seis pontos percentuais, respectivamente.
O silêncio do marketing tucano -só referências marginais às duas regiões- para cativar esse eleitor pode custar caro a uma candidatura muito vinculada ao Sudeste.
Por duas vezes, o locutor chamou o pré-candidato de "Zé Serra", que foi definido como "sujeito simples, de bem com a vida".
O tucano contou na TV que sua neta não o chama de "vovô", mas de "José". Esse foi um detalhe que caracterizou o programa como um todo: faltou emoção; sobrou frieza -elementos típicos do distanciamento olímpico em que intelectuais costumam tropeçar quando têm de, humildemente, pedir votos
PLÍNIO FRAGA
da FSP
Na primeira frase do programa tucano de ontem -que deveria, como prevê a lei, ser de divulgação partidária, mas foi de indisfarçável propaganda eleitoral, como todos os partidos têm feito até aqui-, José Serra afirma que o Bolsa Família deve ser "ampliado e fortalecido".
Tentou assim se vacinar contra o discurso de que uma vitória sua poderia significar a extinção de um programa que beneficia 11 milhões de famílias -mais de 30 milhões de eleitores.
Dono de um terço dos votos dos que aprovam o presidente Lula, Serra sabe que cada ponto percentual nesse estrato mina diretamente a candidatura petista.
Apresentar-se como um continuador melhorado do atual presidente é a maneira de tentar ir em frente, diferenciando-se timidamente, mas sem perder esse cabedal de votos.
Para demarcar Serra como melhor gestor, com mais experiência e melhor currículo, o programa tucano recorreu por três vezes à expressão "Serra fez", que despertará incômoda lembrança no eleitor paulistano maduro por repetir o malfadado "Foi Maluf que fez", criado para a campanha do pepista por Duda Mendonça em 1998.
Sem mencionar adversários, os tucanos reafirmam a tática de confronto de currículo. Do total do programa, 45% foi voltado para questões da saúde, quesito em que as ações do governo são mal avaliadas e no qual o ex-ministro tem bandeiras reconhecidas, como a política de genéricos e a distribuição gratuita de coquetéis para combater a Aids.
Para estancar a perda de intenção de votos que sofreu entre março e maio, o tucano precisa recuperar força entre o eleitorado do Nordeste e do Norte/Centro-Oeste -onde está sendo derrotado por Dilma por diferença de nove e seis pontos percentuais, respectivamente.
O silêncio do marketing tucano -só referências marginais às duas regiões- para cativar esse eleitor pode custar caro a uma candidatura muito vinculada ao Sudeste.
Por duas vezes, o locutor chamou o pré-candidato de "Zé Serra", que foi definido como "sujeito simples, de bem com a vida".
O tucano contou na TV que sua neta não o chama de "vovô", mas de "José". Esse foi um detalhe que caracterizou o programa como um todo: faltou emoção; sobrou frieza -elementos típicos do distanciamento olímpico em que intelectuais costumam tropeçar quando têm de, humildemente, pedir votos
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