O tucano José Serra vem enfrentando uma dificuldade peculiar em suas andanças Brasil afora. Em pelo menos três oportunidades, ao ser contrariado por jornalistas, o candidato do PSDB à Presidência da República reclamou do sotaque de interlocutores na campanha.
Aliado de Serra, o deputado Raul Jungmann (PPS-PE) reconheceu o preconceito e cutucou o presidenciável tucano. "Acho que ele precisa ir num fonoaudiólogo. Sotaque não é barreira no Brasil”, debochou Jungmann, que concorre a uma cadeira no Senado por Pernambuco. "Na África do Sul, o ministro falava em inglês e tinha um tradutor para xhosa e outro para zulu. No Brasil não (precisa)."
A primeira chiadeira de Serra foi no início de julho, em Recife (PE), quando o ex-governador de São Paulo foi perguntado por um jornalista sobre o trem-bala que será licitado pelo governo federal. "Dá para repetir? Não entendi. Foi muito no sotaque daqui", respondeu Serra, que é contrário ao projeto.
Pouco depois, em meados de julho, o presidenciável participou de uma coletiva de imprensa em Goiânia (GO), onde novamente teve problemas com a pronúncia local. "Não estou entendendo o seu sotaque”, disse a uma repórter.
Os jornalistas de Belo Horizonte (MG) presenciaram o mais recente dos problemas de Serra com sotaque, no último fim de semana. Ao ser questionado sobre uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que lhe atribuía "falta de sorte" na disputa com a candidata Dilma Rousseff (PT), Serra afirmou. “Essa fala mineira de vocês, eu não entendo. Eu tenho que prestar atenção.”
"Tem que ver em que contexto ele falou isso", contemporiza Raul Jungmann. "Não acredito que o Serra — que é uma pessoa que já percorreu esse país muito mais que a maioria dos brasileiros — tenha algum problema com sotaque", diz, antes de reiterar: "Se não for brincadeira, minha recomendação é: procure um fonoaudiólogo. Serra deve estar com algum probleminha aí nos ouvidos".
UOL Notícias
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