Campanha oportunista isola o tucano Arthur Virgílio no Amazonas
Se quiser ser reeleito, o senador Arthur “eu daria uma surra no Lula” Virgílio (PSDB-AM) precisará superar dificuldades de toda sorte. Seu candidato ao governo estadual está com zero nas pesquisas. Seu presidenciável, o tucano José Serra, tem justamente no Amazonas as piores intenções de votos. Virgílio está praticamente sozinho — e sua atuação inconsequente na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nos últimos oito anos, ajuda a entender esse isolamento.
Apesar de ser ainda popular entre os amazonenses, Virgílio não contava com uma realidade tão (merecidamente) adversa à sua candidatura. Uma das vagas do estado para o Senado é dada como certa para o ex-governador Eduardo Braga (PMDB) — que aparece virtualmente eleito senador com mais de 80% das intenções de voto. Na disputa à segunda vaga, o tucano duela com uma candidata que se revela cada vez mais competitiva — a deputada federal Vanessa Grazziotin (PCdoB).
"O embate Arthur-Vanessa será mais acirrado que a campanha de governador", avalia Edmilson Barreiros, procurador-regional eleitoral do Amazonas. Contra Virgílio pesa o fato de que seus adversários estão nas duas maiores coligações do estado e têm as candidaturas turbinadas pelos apoios de Lula, da presidenciável Dilma Rousseff e de Eduardo Braga.
Fazendo propaganda como Artur (sem o "H") Neto, o senador não esconde apenas o Virgílio do nome. Omite também que foi um dos inimigos mais intransigentes e grosseiros do governo Lula. Omite mais ainda o nome e a imagem de Serra em seus materiais de propaganda. É como se quisesse apagar o passado e as circunstâncias, para fazer uma campanha à moda antiga, baseada não nas ideias, mas no corpo a corpo.
Para Virgílio, os tempos de oposição raivosa e golpista a Lula não devem aparecer. O que importa é tão somente a reeleição, sob qualquer aparência “Segurei a oposição no Senado nas costas durante sete anos. Agora quero cuidar da minha reeleição. Quero meu mandato de volta”, afirma o senador, confirmando o pragmatismo. “Pode me chamar de pouco inteligente se eu tentar me reeleger brigando com o Lula dia e noite.”
Pesquisas desfavoráveis
Segundo Virgílio, sua rotina em campanha tem sido levantar, todos os dias, às 4h e "não dormir antes da meia-noite". O discurso é um conjunto de informações algo atrapalhadas, desconexas: “Hoje já apertei 4 mil mãos. Minha candidatura tem personalidade, não tem tutor. Depende só da minha vida e do meu passado — de mostrar o que pretendo fazer. Acredito que serei vitorioso e com base elástica".
Os números, porém, mostram o contrário. Pesquisa feita entre 15 e 22 de agosto pela Perspectiva — empresa que faz levantamentos estatísticos no Amazonas — mostra Virgílio com 39% das intenções de voto, empatado tecnicamente com Vanessa Grazziotin, que chegou a 39,3%.
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Ao contrário de Virgílio, Vanessa está cercada de aliados de peso. É o caso do próprio Eduardo Braga – que promete transferir boa parte de seu imenso apelo popular entre os amazonenses para a candidata. Lula também vê as movimentações com ânimo. Afinal, se Vanessa vencer, o Amazonas terá, em 2011, três senadores da situação em caso de vitória de Dilma e do candidato a governador Omar Aziz.
Parte do PT com Vanessa
Antes do início da campanha eleitoral, o PT amazonense liberou seus filiados no Amazonas para apoiar candidatos da coligação de Vanessa. Já Dilma assumiu palanque duplo no estado e aparece com destaque no material de campanha da deputada. “A Vanessa tem o respeito do presidente Lula e do PT nacional porque é uma ótima parlamentar, mas ela se tornou nossa candidata por mérito”, diz Braga. “O PCdoB participou do nosso governo e do plano macroestratégico que temos para o Amazonas.”
Com três mandatos como vereadora em Manaus e no exercício da terceira legislatura na Câmara dos Deputados, Vanessa liderou a transição do PCdoB da oposição para a base aliada no segundo mandato de Braga. Nesse processo, o deputado estadual Eron Bezerra, também do PCdoB, assumiu uma secretaria no governo estadual.
A oposição histórica ao grupo político de Arthur Virgílio continua firme na campanha. “Vamos dizer à população que o Arthur agia de forma truculenta com trabalhadores quando foi prefeito de Manaus e ameaçou dar uma surra no presidente Lula em vez de cuidar dos interesses do estado no Senado”, afirma o presidente municipal do PCdoB em Manaus, Antônio Carlos Brabo.
Informações do Valor Econômico
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