terça-feira, 21 de setembro de 2010

Com deturpações e cobertura enviesada, Folha vira a Fox de Dilma

Nos Estados Unidos, Barack Obama pendurou o guiso no gato já há algum tempo. Lá, a assessoria do presidente colou na Fox o rótulo de “braço midiático do Partido Republicano”. Nesta segunda-feira, o jornal da família Frias teve o seu dia de Fox. Dilma bateu pesado na Folha. É o troco, depois de dias e dias de uma campanha unilateral.

O descalabro precisa ser denunciado internacionalmente. E é o que nós, de blogs que o Serra gostaria de ver fechados, vamos fazer nos próximos dias: denunciar o comportamento antidemocrático e golpista da mídia brasileira, lembrando ao Mundo que esses mesmos que preparam o golpe hoje, foram os que imploraram pelo golpe em 64: Estadão, Folha, O Globo.

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador

Aliás, são meses de deturpações e cobertura enviesada. Começou lá atrás, com a ficha falsa na primeira página. Seguiu com a manchete tosca sobre o aumento da conta de luz “por culpa de Dilma” (tão tosca que fez a Folha ir parar nos trendtopics do twitter, como exemplo mundial de manipulação).

Nas últimas duas semanas, diante do aturdimento de Serra — incapaz de traçar uma linha para sua campanha —, a velha mídia assumiu o comando da oposição. Cumpriu-se, assim, na prática, o que Judith Brito (presidenta da ANJ – Associação Nacional dos Jornais) já havia vaticinado: “a imprensa é o verdadeiro partido de oposição no Brasil.”

O clima de confrontação, criado pela direita, aproxima-se muito do que vemos na Venezuela. Como escrevi aqui, a venezuelização do Brasil vem pela direita: quem escolheu o confronto não foi Lula, mas Serra (com seu discurso no Clube Militar, falando em “República Sindicalista”) e a velha mídia.

Já escrevi nesse humilde blog que a imprensa tem, sim, o dever óbvio de investigar e denunciar. Não vejo nada de errado nisso. A situação absurda, no Brasil, é que as denúncias são sempre unilaterais. Só existem escândalos federais no Brasil, há quase oito anos. O ímpeto investigativo dos jornais não se volta — jamais — contra os tucanos. Explica-se: os tucanos garantem polpudos recursos para a velha mídia, com a assinatura de jornais para as escolas paulistas.

A velha mídia tenta criar um “Mar de Lama” contra o lulismo. Como Lacerda fez contra Vargas em 1954. Naquela época, o único contraponto era o Última Hora, jornal de Samuel Wainer. Hoje, os “blogs sujos” cumprem — de forma ainda limitada, mas efetiva — o papel de contraponto. Nem isso Serra gostaria de ter. Queria toda a mídia pra ele.

Em 2002, os golpistas na Venezuela tinham toda a mídia com eles, menos a TV estatal. Aqui no Brasil, os maiores jornais e a (ainda) maior rede de TV levam o país para o abismo do confronto.

As manchetes, no entanto, não refletem o clima nas ruas. O brasileiro comum quer tocar a vida — que melhorou um pouquinho nos últimos anos. Por isso, Dilma segue favorita, debaixo do maior tiroteio já visto antes de uma eleição. O brasileiro comum ignora o bombardeio midiático. Mas isso não torna o bombardeio menos perigoso. Porque alimenta uma classe média cada vez mais raivosa e agressiva.

O descalabro precisa ser denunciado internacionalmente. E é o que nós, de blogs que o Serra gostaria de ver fechados, vamos fazer nos próximos dias: denunciar o comportamento antidemocrático e golpista da mídia brasileira, lembrando ao Mundo que esses mesmos que preparam o golpe hoje, foram os que imploraram pelo golpe em 64: Estadão, Folha, O Globo.

Dilma deu um passo importante, hoje, ao cravar na testa da Folha o selo de jornal golpista. Talvez tenha se excedido um pouco no tom. Cheguei a ficar preocupado quando vi a Dilma, com a veia a saltar na testa. A candidata alcançará mais resultado junto ao público quanto mais conseguir aliar serenidade e firmeza. Mas seria demais pedir serenidade em meio ao combate.

A Folha foi parar no centro da campanha. Pela voz de Dilma. A Veja (ou Óia) já tinha virado tema de discurso de Lula, no fim de semana, em Campinas. A próxima será a Globo? Seria bom e didático que Dilma e Lula cumprissem esse papel.

A batalha da mídia, durante a campanha, é apenas a consequência natural do processo político. Dilma deixou de debater com a oposição do DEM/PSDB — essa está perdida. Restou a velha mídia.

É preciso derrotá-la, antes que ela (a velha mídia golpista) derrote o Brasil.

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