O PSDB nasceu de um grupo de políticos do PMDB basicamente de São Paulo que, derrotados e isolados pelo quercismo, resolveram sair do partido e fundar uma outra agremiação. Era integrado basicamente por cardeais paulistas — Montoro, Covas, FHC —, mais alguns de outras regiões — como José Richa, do Paraná, Tasso Jereissatti, do Ceará.
Por Emir Sader, em seu blog
Na hora de dar um nome ao partido, vieram os impasses, até que surgiu a ideia de encampar a social-democracia, sigla vaga no Brasil, apesar de que alguns — entre eles especialmente o Montoro — se definiam como democrata cristãos. Escolheu-se o tucano como símbolo, para tentar dar-lhe uma raiz brasileira.
Era o ano de
Na própria América Latina. Ação Democrática da Venezuela, os socialistas chilenos, o peronismo, o PRI mexicano — que pertenciam à corrente social democrata — já tinham aderido ao neoliberalismo. Foi a essa versão da social-democracia que aderiu os PSDB.
Não foi essa a única diferença dos tucanos em relação ao que tinham sido historicamente os partidos social-democratas. A social-democracia tinha sido uma vertente da esquerda, junto aos comunistas, ambos com profundas raízes sociais, em particular no movimento operário e no movimento sindical. Há ainda uma rede internacional de centrais sindicais ligadas à social-democracia.
Nada mais alheio aos tucanos. Nem o PMDB tinha presença sindical, menos ainda eles, que eram um grupo de políticos parlamentares que tinha
A morte de Covas deixou o espaço aberto para outros lideres tucanos, FHC e Serra disputavam a preferência, diante da incompetência de outros lideres regionais, como Tasso Jereissatti, para se projetar nacionalmente. Os tucanos terminaram sendo um partido eminentemente paulista.
Quando FHC assumiu o projeto neoliberal, com o Plano Real, olhava para a França e a Espanha, suas referencias ideológicas, para acreditar que esse seria o caminho da “modernização” no Brasil. FHC se deslumbrou com a globalização — “o novo Renascimento da humanidade” — e a vitoria eleitoral de 1994 lhe confirmou que a via era abandonar o Estado desenvolvimentista pelo da estabilidade monetária e do ajuste fiscal.
Foi o auge do PSDB e o começo do seu fim. Sem lugar para políticas sociais, acreditando que o simples controle inflacionário levaria à distribuição de renda, teve um efêmero sucesso no primeiro governo FHC, mas saiu derrotado nas eleições de 2002, de 2006 e agora de 2010.
Foi uma vida breve, uma glória efêmera e uma morte prematura, para quem nasceu supostamente como social-democrata, assumiu o projeto neoliberal no Brasil e foi repudiado pelo voto popular. Nasceu do antiquercismo e termina indo ao fundo, abraçado com Quércia. Triste fim de um partido das elites do centro-sul, repudiado pelo governo mais popular que o Brasil já teve.
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