Em discurso bem humorado e, ao mesmo tempo, irritado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a imprensa brasileira na cobertura das eleições, referindo-se às denúncias contra a campanha de Dilma Rousseff (PT), durante comício com a presidenciável e o candidato ao governo de São Paulo Aloizio Mercadante (PT) em Campinas. "Vamos derrotar jornais e revistas que se comportam como partidos políticos". Lula acrescentou: "jornais e revistas que têm candidato e não têm coragem de dizer que têm candidato".
"Não são democratas e pensam que são democratas. Democrata é este governo que permite que lhe façam o que eles entenderem... Porque não sou eu que vou censurá-los. É o telespectador, é o ouvinte e o leitor que vai censurar aquilo que presta e aquilo que não presta", afirmou Lula. Nesse momento, a plateia - estimada pelos organizadores em 15 mil pessoas - começou a gritar: "Olê, olê, olê, olá... Lula, Lula...".
O presidente ainda ironizou o nome da revista Veja. "Ouvi dizer de algumas revistas que vão sair esta semana. Sobretudo em uma, que eu não sei o nome dela. Parece 'óia'. Nordestino falaria 'óia'", brincou. "Ela destila ódio e mentira!".
Pouco antes dos ataques diretos aos jornais e revistas, Lula se queixou do nível da imprensa. "Tem dia que determinados setores da imprensa chegam a ser uma vergonha. Se o dono do jornal lesse seu jornal, se o dono da revista lesse sua revista, eles ficariam com vergonha do que eles estão escrevendo exatamente neste instante. E eles falam em democracia... Eles não suportam escrever que a economia brasileira vai crescer 7% este ano, não se conformam é que um metalúrgico vai criar mais emprego que presidentes elitistas que governaram este País".
Do palanque, o presidente comemorou a capitalização da Petrobras, no próximo dia 24 de setembro, num tom novamente endereçado aos donos de grupos midiáticos. "Esse metalúrgico que não fala espanhol, não fala inglês, não fala francês e falava 'menas laranja'... Esse metalúrgico vai pra Bolsa de Valores bater o martelo para capitalizar a maior capitalização da história da humanidade, nós vamos capitalizar a Petrobras, pra transformar ela maior, mais forte... Não será Bill Gates, Dilma. Não será George Soros. Não será o presidente dos Estados Unidos, o presidente da Alemanha, não será o presidente da França, a rainha da Inglaterra... Será o metalúrgico de São Bernardo do Campo que vai passar pra história com a maior capitalização que o capitalismo já fez no mundo. Isso tudo porque eu sou socialista", discursou.
As críticas de Lula à imprensa brotam depois da queda da ex-ministra Erenice Guerra e na semana em que a revista Veja trouxe uma nova reportagem com denúncias de lobby e corrupção na Casa Civil. Desta vez, ela aponta um caso de propina de R$200 mil na Casa Civil, para dispensar o uso de licitação na compra do medicamento Tamiflu.
Terra Magazine
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