terça-feira, 19 de outubro de 2010

Dilma dá ótima entrevista, mas JN edita pautas negativas para ela

A presidenciável Dilma Rousseff, da coligação Para o Brasil Seguir Mudando, voltou à bancada do Jornal Nacional, da Rede Globo, na noite desta segunda-feira (18). Nos 11 minutos e 30 segundos nos quais Dilma respondeu às perguntas do casal de entrevistadores Willian Bonner e Fátima Bernardes, a candidata dialogou com sorriso no rosto e respondeu, com tranquilidade, a todas as perguntas incômodas feitas pelos apresentadores. Foi uma entrevista esclarecedora e excelente para Dilma.

Desta vez, não se observou a agressividade que Bonner demonstrou na primeira entrevista, em 9 de agosto, durante o primeiro turno. O casal Global foi enfático nas perguntas --como deve ser-- e Dilma foi serena, objetiva, mas igualmente firme nas respostas. Como era de se esperar, Dilma foi questionada sobre a questão do aborto e sobre o caso Erenice.

Bonner questionou a candidata também sobre as declarações do deputado Ciro Gomes sobre o suposto preparo de José Serra e os problemas do PMDB.

Dilma reafirmou o que tem dito em outras entrevistas, nos debates e na propaganda eleitoral gratuita. Sobre a questão do aborto, disse que não se pode tratar o assunto como caso de polícia e sim como um problema de saúde pública.

Sobre o caso Erenice Guerra, lembrou que denúncias feitas durante o governo Lula são sempre investigadas e, quando constatada a culpa, os envolvidos são punidos. Já no governo de seu adversário, José Serra, as denúncias são abafadas. Dilma lembrou o caso do ex-presidente do Dersa, Paulo Preto, que mesmo sendo alvo da operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, jamais foi investigado pelo governo paulista.

As considerações finais da candidata também foram perfeitas. Com humildade, Dilma pediu votos pela continuidade de um projeto que está dando certo e mudando o Brasil.

Veja no final da matéria a transcrição, na íntegra, da entrevista.

Pauta negativa na sequência

Mas o Jornal Nacional é o Jornal Nacional. E logo depois da entrevista, o jornal bateu feio na candidatura de Dilma. A mão pesada do editor foi notada na reportagem requentando denúncia vazia da revista Época sobre o diretor da Eletrobras, Valter Luiz Cardeal Cardeal, aliado de Dilma. A edição da matéria chegou a ser mais grosseira que a agressividade de Bonner na entrevista de agosto. Cardeal emitiu uma nota esclarecendo as denúncias e mostrando, com fatos concretos, que não havia nada de irregular. Mesmo assim, o JN sequer citou a nota.

Depois do programa eleitoral gratuito, o JN apresentou o "dia" dos candidatos. Como tem feito diariamente neste segundo turno, cobriu a agenda de Serra de forma a dar visibilidade para as propostas do candidato. Parecia uma inserção do programa eleitoral tucano.

Quando chegou a vez da agenda de Dilma, o JN agiu de forma calhorda e alegou que a candidata não teve "comprimissos públicos" nesta segunda-feira. Assim, o Jornal tentou justificar a não cobertura do dia da candidata. Mas havia material de sobra para uma matéria, pois Dilma deu entrevista coletiva no Rio de Janeiro e na qual havia jornalistas da Globo presentes. Novamente o JN "escondeu" Dilma propositalmente para prejudicá-la.

Nesta terça-feira (19), será a vez de José Serra ser entrevistado pelo Jornal Nacional. Será interessante observar como será o tratamento editoral da "pauta" política do JN.

Da redação,
Cláudio Gonzalez

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