O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), avisou a aliados que deve se filiar em março ao PMDB. O prazo permitirá que ele empreenda negociações para ampliar a participação da sigla em seu governo e formar uma frente ampla de deputados e prefeitos no estado.
A movimentação de Kassab pode criar uma terceira força política
Uma das ideias de Kassab é que praticamente todas as lideranças de vulto do DEM
Entre os cotados para migrar para o PMDB com Kassab estão o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT), que iniciou negociações ainda com Quércia, e a prefeita de Ribeirão Preto, Darcy Veras (DEM). O prefeito também ampliará a participação do PMDB no governo. A legenda — que hoje tem a vice-prefeitura e a Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, com Alda Marco Antônio — pode ocupar mais duas pastas.
Apontado como candidato ao Palácio dos Bandeirantes em 2014, Kassab fechou, na semana passada, com o vice-presidente Michel Temer (PMDB) os detalhes sobre a mudança para o PMDB paulista, esvaziado após a morte de Orestes Quércia. Ao mesmo tempo, o prefeito sinalizou para a cúpula tucana que marchará com o PSDB. A movimentação é feita com o aval dos serristas, mas desperta desconfiança de aliados do governador Geraldo Alckmin.
Parecer
Kassab pediu pareceres de advogados sobre a possibilidade de ter o mandato requerido pelo DEM. Segundo um dos especialistas consultados, a avaliação levada ao prefeito foi de que o Supremo Tribunal Federal tem entendido que os mandatos no Executivo pertencem aos eleitos — não aos partidos. O risco de perder a cadeira seria, portanto, pequeno.
O entendimento é diferente no caso dos parlamentares. Kassab quer levar com ele a bancada de seis deputados federais eleitos pelo DEM. Parlamentares ligados ao PPS também têm negociado a migração para o partido. A mudança, no entanto, só será possível se houver a aprovação de uma janela partidária — Temer trabalhará no Congresso para sua aprovação. Na seara petista, ainda há restrições sobre os efeitos que a janela poderia causar ao fortalecer o PMDB.
Kassab articula a mudança da atual direção do DEM, desbancando da cúpula partidária o grupo ligado ao presidente, Rodrigo Maia. Apesar da movimentação, o prefeito entende que o DEM está enfraquecido para dar sustentação aos projetos eleitorais de maior fôlego — a bancada do partido no Congresso perdeu 29 parlamentares nesta eleição.
"O PMDB está de portas abertas para o prefeito", disse o deputado estadual Jorge Caruso, uma das principais lideranças do partido no estado, ao destacar que a decisão de Kassab só virá depois da convenção do DEM em março. "A entrada de Kassab trará uma renovação ao PMDB", completa o presidente municipal da legenda, Bebeto Haddad.
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