O "Churrascão da Gente Diferenciada", protesto bem humorado contra a mudança da futura estação de Metrô da Av. Angélica, em Higienópolis, para a Av. Pacaembu, contou também com a adesão de urbanistas. Eles criticaram o planejamento e a falta de atenção conferida à mobilidade em São Paulo.
Para Nabil Bonduki, arquiteto e professor de Planejamento Urbano da Universidade de São Paulo, a possibilidade de se eliminar uma estação de uma linha ainda em fase de projeto – sem previsão para obras nem para início de operações – mostra a falta de planejamento.
"O governo do estado e o Metrô definem, de maneira totalmente autoritária, de maneira desvinculada do planejamento da cidade e do processo participativo mais amplo", critica Bonduki, um dos mil manifestantes que participaram do "churrascão".
Para ele, o governo paulista, encabeçado por Geraldo Alckmin (PSDB), cede facilmente a pressões, principalmente de setores ricos. "Esses grupos de classe alta têm uma relação muito grande com o PSDB e que acabam tentando impor sua visão de cidade no conjunto dos municípios", ataca Bonduki, ex-vereador pelo PT.
A relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à moradia adequada, Raquel Rolnik, também participou do ato. A urbanista reforçou o coro das críticas à pressão do poder econômico.
"Há um capitalismo de laços no Brasil, em que há uma relação muito próxima entre quem pressiona (pela retirada da estação) com quem está tomando a decisão", analisa. "Há uma circulação muito grande dentro de um mesmo grupo social entre os interesses econômicos beneficiados pelas decisões – a valorização imobiliária pela promoção de serviços públicos, empreiteiras e quem ocupa postos do Estado capazes de mudar suas decisões em função dessa pressão", afirma.
Fonte: Rede Brasil Atual
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