Método do primeiro colocado do Enem remete ao século 19, diz especialista
Agência Brasil
Com uma mensalidade de até R$ 2.140 e recusando a matrícula de meninas, o Colégio São Bento, na capital fluminense, ficou pela quarta vez na primeira colocação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação e avalia o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo o país.
Administrado por monges beneditinos, o colégio ficou cerca de 300 pontos à frente do último colocado no estado - uma escola pública. A Supervisão Pedagógica atribui o bom resultado ao ambiente de ensino "com excelentes professores" e à dedicação dos alunos, que têm aulas entre as 7h30 e as 16h30, durante a semana e, aos sábado pela manhã, longe de meninas.
No entanto, a receita de sucesso do São Bento, que só aceitou professoras a partir da década de 1960, gera polêmica. Para a professora da Universidade de São Paulo (USP), Cláudia Vianna, especialista em gênero e educação, "não é possível desenvolver a personalidade integral do aluno onde há segregação". Para ela, o método do São Bento remete ao século 19.
"É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos em um mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto? Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?", questionou.
A supervisora do São Bento, a professora Maria Eliza Penna Firme Pedrosa disse que aceitar meninas significaria alterar a identidade do colégio e isso não está nos planos. "Os alunos e os pais estão satisfeitos. Os meninos acham o ambiente confortável e não identificamos prejuízo nenhum, já que os rapazes podem conviver com as meninas na sociedade".
Os alunos também não reclamam da jornada de estudos, da proibição do uso de adornos como piercings e acreditam que a dedicação os levará para as universidade públicas, como é o caso do estudante de odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Maroun. Para ele, o São Bento ofereceu uma boa educação, com forte preocupação no caráter do aluno.
"Claro que as mulheres distraem um pouco os homens", declarou. "Se você tem uma namorada no colégio, fica com ela no recreio, vai para aula pensando nela, normal para o ser humano. Mas o colégio não tendo isso, ele [o aluno] fica mais focado. Isso é positivo porque você pode ter contato com as garotas fora do colégio, no clube ou na faculdade".
O Colégio São Bento funciona há mais de 150 anos e já teve entre seus alunos os compositores Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha e Noel Rosa, o teatrólogo João Procópio Ferreira, o jornalista Paulo Francis, e o escritor e humorista Jô Soares.
Agência Brasil
Com uma mensalidade de até R$ 2.140 e recusando a matrícula de meninas, o Colégio São Bento, na capital fluminense, ficou pela quarta vez na primeira colocação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova é aplicada pelo Ministério da Educação e avalia o desempenho de estudantes da rede pública e privada em todo o país.
Administrado por monges beneditinos, o colégio ficou cerca de 300 pontos à frente do último colocado no estado - uma escola pública. A Supervisão Pedagógica atribui o bom resultado ao ambiente de ensino "com excelentes professores" e à dedicação dos alunos, que têm aulas entre as 7h30 e as 16h30, durante a semana e, aos sábado pela manhã, longe de meninas.
No entanto, a receita de sucesso do São Bento, que só aceitou professoras a partir da década de 1960, gera polêmica. Para a professora da Universidade de São Paulo (USP), Cláudia Vianna, especialista em gênero e educação, "não é possível desenvolver a personalidade integral do aluno onde há segregação". Para ela, o método do São Bento remete ao século 19.
"É muito complicado dizer que a segregação garante qualidade. Vivemos em um mundo misto que aliás, mostra que as meninas têm mais sucesso que os meninos. Que desenvolvimento é esse que só dá certo quando eu separo? Qual a mensagem que você passa? Como se propõe a prepará-los para o mundo que é misto? Que principio é esse que não trabalha com o heterogêneo?", questionou.
A supervisora do São Bento, a professora Maria Eliza Penna Firme Pedrosa disse que aceitar meninas significaria alterar a identidade do colégio e isso não está nos planos. "Os alunos e os pais estão satisfeitos. Os meninos acham o ambiente confortável e não identificamos prejuízo nenhum, já que os rapazes podem conviver com as meninas na sociedade".
Os alunos também não reclamam da jornada de estudos, da proibição do uso de adornos como piercings e acreditam que a dedicação os levará para as universidade públicas, como é o caso do estudante de odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Eduardo Maroun. Para ele, o São Bento ofereceu uma boa educação, com forte preocupação no caráter do aluno.
"Claro que as mulheres distraem um pouco os homens", declarou. "Se você tem uma namorada no colégio, fica com ela no recreio, vai para aula pensando nela, normal para o ser humano. Mas o colégio não tendo isso, ele [o aluno] fica mais focado. Isso é positivo porque você pode ter contato com as garotas fora do colégio, no clube ou na faculdade".
O Colégio São Bento funciona há mais de 150 anos e já teve entre seus alunos os compositores Heitor Villa-Lobos, Pixinguinha e Noel Rosa, o teatrólogo João Procópio Ferreira, o jornalista Paulo Francis, e o escritor e humorista Jô Soares.
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